Você já imaginou um trabalho onde sua missão é melhorar a colaboração entre as equipes de desenvolvimento e operações, garantindo que os sistemas funcionem com mais rapidez e eficiência? Isso é exatamente o que um profissional de DevOps faz. Em um mundo cada vez mais dependente de tecnologia, profissionais dessa área desempenham um papel essencial, automatizando processos e assegurando que a infraestrutura seja tão ágil quanto os novos desenvolvimentos.
DevOps é sobre unir duas áreas que tradicionalmente eram separadas, criando um fluxo contínuo de entregas de software. Aqui, a chave está na integração, na automação e na melhoria constante dos processos. Se você está interessado em tecnologia, soluções rápidas e trabalhar em um ambiente dinâmico, então a carreira em DevOps pode ser a escolha certa para você.
Neste guia, vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre a carreira em DevOps, como ela surgiu, as oportunidades no mercado e as habilidades necessárias para se tornar um profissional de sucesso nessa área. Vamos juntos nessa jornada?
Conheça a carreira em DevOps
A carreira em DevOps é o resultado de uma evolução contínua na forma como desenvolvimento de software e operações de TI se integram, e sua história revela o impacto revolucionário dessa metodologia. DevOps surgiu no final dos anos 2000 como uma prática que visa alinhar o trabalho entre as equipes de desenvolvimento (Dev) e operações (Ops), e é fundamental para responder às demandas do mercado digital de forma ágil e escalável.
Antes disso, as equipes de desenvolvimento focavam em criar e lançar softwares rapidamente, enquanto o time de operações tinha a missão de mantê-los estáveis. Esse desalinhamento gerava atritos e atrasos, o que limitava o crescimento das empresas em um mercado cada vez mais digital.
A metodologia foi impulsionada por eventos como o primeiro DevOpsDays, organizado em 2009 por Patrick Debois, que é considerado o “pai do DevOps”. Ele criou um ambiente de discussão para que profissionais trocassem experiências e abordagens sobre como integrar melhor desenvolvimento e operações. Para Debois, é possível resumir o que é o DevOp:
“DevOps é sobre remover o atrito entre os silos. Todo o resto é engenharia” — Patrick Debois, criador da prática DevOp.
Já Gene Kim, em sua obra “The Phoenix Project“, destacou o DevOps como uma vantagem estratégica, promovendo o conceito de que essa abordagem é essencial para empresas que precisam inovar e escalar rapidamente. Por outro lado, Jez Humble, coautor de “Continuous Delivery”, reforçou a importância do CI/CD (Continuous Integration/Continuous Deployment), um conceito que leva a automação de infraestrutura para novos níveis, tornando o processo de liberação de código seguro, rápido e contínuo.
Esses pioneiros prepararam o terreno para uma série de práticas e ferramentas que hoje fazem parte da rotina dos profissionais de DevOps. Com o aumento da computação em nuvem (CloudComputing), surgiram novas tecnologias como infraestrutura como código (IaC), onde toda a infraestrutura é gerida por código e permite o uso de ferramentas de automação para replicar e escalar ambientes inteiros com rapidez e precisão. O IaC transforma o gerenciamento de servidores e redes em uma prática ágil, e é essencial para os pipelines de DevOps, que permitem a integração e a entrega contínua.
Outro aspecto que evoluiu dentro de DevOps é a prática de DevSecOps, que incorpora segurança ao ciclo de desenvolvimento e operações desde o início. Isso garante que as práticas de segurança sejam aplicadas em cada etapa do desenvolvimento, reduzindo vulnerabilidades e tornando a segurança parte integrante do processo.
Com o crescimento do DevOps, frameworks como o ITIL (Information Technology Infrastructure Library) ainda são referenciados para garantir boas práticas em infraestrutura e suporte. Embora o DevOps seja uma abordagem mais ágil, muitos dos princípios do ITIL, como gerenciamento de mudanças e controle de incidentes, são integrados de forma ajustada, garantindo estabilidade e resposta rápida às mudanças.
Hoje, a carreira em DevOps é fundamental para o desenvolvimento de ambientes ágeis, escaláveis e seguros, onde a automação e o gerenciamento eficiente de infraestrutura permitem uma entrega de valor ininterrupta. Grandes empresas como Google, Amazon e Netflix utilizam DevOps para garantir que novas funcionalidades e serviços sejam lançados rapidamente, mantendo a qualidade e confiabilidade dos seus produtos. DevOps é uma prática rica em inovação e colaboração, e se destaca como um dos papéis mais estratégicos dentro das organizações modernas, atendendo às demandas de um mundo altamente tecnológico.
Atualmente, o DevOps é muito mais do que uma função: ele se tornou uma filosofia que incentiva o trabalho conjunto e eficiente entre desenvolvimento e operações, algo fundamental para o ritmo acelerado da tecnologia moderna. A história dessa área mostra que DevOps não é só uma carreira, mas uma revolução na maneira como a tecnologia é entregue ao mundo.
Saiba mais: O que é DevOps? Tire suas dúvidas!
Como está o mercado para DevOps
Outra forma de entendermos o crescimento exponencial da carreira em DevOps é através do mercado.
No Brasil, a demanda por DevOps é também notável em startups e empresas que apostam em inovação. Segundo a pesquisa Tech Jobs Report da Revelo de 2024, cerca de 35% das startups brasileiras mencionaram a necessidade de profissionais com habilidades DevOps.
Em âmbito internacional, um estudo da Grand View Research, uma das principais consultorias de análise de mercado, projeta que o mercado global de DevOps alcançará um valor de US$ 20,31 bilhões até 2026, com uma taxa de crescimento anual de 18,60%. Esse crescimento é impulsionado pela necessidade de automação e escalabilidade na infraestrutura digital e nas práticas de CI/CD.
Por fim, segundo o relatório “Accelerate State of DevOps” de 2023, publicado pela empresa DORA (DevOps Research and Assessment) em parceria com o Google Cloud, as empresas que implementam práticas DevOps de forma consistente apresentam melhorias de até 40% na velocidade de lançamento de novos produtos e redução significativa em falhas de segurança e desempenho. Esse relatório se tornou uma referência para profissionais e gestores de TI e pode ser consultado para uma visão aprofundada sobre as métricas e práticas de sucesso em DevOps.
As principais empresas de tecnologia continuam investindo fortemente em equipes de DevOps, não apenas para o desenvolvimento de software, mas também para a otimização de suas infraestruturas de computação em nuvem e automação. Esse movimento é impulsionado pela necessidade de redução de custos e aumento de eficiência, e dados específicos sobre essas empresas podem ser conferidos nos relatórios de mercado publicados em suas páginas de carreiras e em pesquisas da consultoria PwC.
Cargos e especializações em DevOps
Até aqui estamos vendo que o universo de DevOps é construído em camadas, certo? Cada uma delas traz funções que trabalham juntas para entregar resultados mais rápidos e eficientes no desenvolvimento e operação de software.
Então agora é hora de falar sobre os principais cargos e especializações que você encontrará nesta carreira. Vamos lá?
Principais cargos e especializações em DevOps
Engenheiro de DevOps
Este profissional integra as equipes de desenvolvimento e operações, promovendo ciclos de vida mais dinâmicos e colaborativos para o software. Com habilidades em gerenciamento de configuração e ferramentas de integração contínua (CI/CD), o engenheiro de DevOps garante que o ciclo de vida do software seja mais eficiente.
Em muitos casos, este profissional recorre à orquestração de contêineres para assegurar a estabilidade e escalabilidade das aplicações, independentemente do ambiente de execução.
Engenheiro de confiabilidade de sites (SRE)
Dedicado à resiliência dos sistemas e à alta disponibilidade dos serviços, o engenheiro de confiabilidade (ou SRE) tem sido importantíssimo em empresas de grande porte, especialmente após o Google definir essa função no mercado.
O SRE antecipa problemas para manter os serviços estáveis e eficientes utilizando práticas de monitoramento contínuo e testes automatizados. Esse cargo se destaca em arquiteturas cloud-native, garantindo que as aplicações suportem picos de demanda sem perder desempenho.
Engenheiro de orquestração de contêineres
Com foco na eficiência e escalabilidade de contêineres de software, esse engenheiro utiliza plataformas de orquestração, como Kubernetes, para organizar a infraestrutura.
O trabalho desse engenheiro é focado na automação de infraestrutura e gerenciamento de configuração, facilitando o controle sobre as aplicações em arquiteturas complexas e ambientes de nuvem.
Engenheiro de gestão de configurações
É o responsável por garantir a consistência e a conformidade de cada componente do sistema, o engenheiro de gestão de configurações monitora e ajusta configurações de servidores, bancos de dados e redes.
Esse papel é vital para evitar problemas de compatibilidade e para permitir que a infraestrutura cresça e evolua sem conflitos, especialmente em ambientes de rápido desenvolvimento.
Arquiteto DevOps
O arquiteto DevOps define e implementa a arquitetura de DevOps, criando uma infraestrutura cloud-native que atenda às demandas de escalabilidade e resiliência da empresa.
Com uma visão estratégica do ciclo de vida do software e do gerenciamento de configurações, esse arquiteto seleciona e coordena a cadeia de ferramentas DevOps para que todas as fases — desenvolvimento, teste e entrega — estejam integradas e funcionem de forma fluida.
Especialista em automação de testes
Focado em automatizar processos e criar testes automáticos, o especialista em automação é indispensável para a eficiência e qualidade das entregas.
Trabalhando em colaboração com a equipe de desenvolvimento, esse profissional implanta pipelines de entrega contínua, onde etapas como construção, teste e implementação do software são automatizadas. Esse papel é fundamental para empresas que precisam de lançamentos constantes sem comprometer a qualidade.
Especialista em segurança DevOps (DevSecOps)
Por fim, o especialista em DevSecOps integra a segurança ao ciclo de vida do software desde os primeiros passos e se concentra na proteção contra vulnerabilidades e na conformidade de cada etapa do pipeline de CI/CD com políticas de segurança.
Seu papel é garantir que as soluções estejam seguras e funcionem conforme o esperado, mantendo a resiliência de sistemas e a integridade da infraestrutura.
A carreira em DevOps no setor privado
Trabalhar com DevOps no setor privado, seja em startups ou em grandes corporações, é marcado pela diversidade de projetos e pelo ritmo ágil, o que permite que os profissionais DevOps atuem diretamente na construção de soluções diversas, otimização de processos e na melhoria contínua de produtos. Em empresas menores, os DevOps frequentemente exercem múltiplas funções, com uma proximidade intensa do ciclo de desenvolvimento do software. Já em organizações de grande porte, o trabalho pode envolver operações mais complexas e exigentes, com times amplos e tecnologias variadas.
Grandes corporações como Amazon, Google, Microsoft, IBM e Netflix são referências internacionais, conhecidas por adotarem práticas de DevOps em larga escala. Essas empresas possuem ambientes tecnológicos desafiadores e oferecem aos profissionais a chance de trabalhar com tecnologias de ponta em nuvem, automação e monitoramento.
Aqui no Brasil, nomes como Nubank, Itaú, Globo, Stone, Magazine Luiza e Vivo estão entre as principais empresas que buscam especialistas na área, especialmente para escalar suas operações e manter altos padrões de disponibilidade e segurança.
Entre as principais vantagens desse setor, destaca-se a possibilidade de desenvolvimento profissional acelerado: o setor privado oferece ampla exposição a ferramentas, infraestrutura moderna e oportunidades para aprimorar habilidades técnicas e gerenciais. Pensando nisso, muitas dessas empresas inclusive incentivam a certificação contínua dos colaboradores, disponibilizando treinamentos e programas de atualização. A agilidade com que novas tecnologias e práticas são adotadas é outra característica, permitindo que os profissionais DevOps tenham acesso e lidem com as últimas inovações em nuvem, automação e segurança.
Por outro lado, a pressão é grande. O ambiente privado costuma ser mais exigente com prazos, e os profissionais podem se ver apertados para entregar resultados rápidos e de qualidade. Essa pressão, com a demanda por disponibilidade quase constante, pode dificultar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Outro ponto é a alta concorrência entre empresas por talentos na área, o que pode resultar em mudanças frequentes de equipe ou em ambientes de trabalho menos estáveis.
O perfil que tende a prosperar nesse setor, em geral, é de profissionais que gostam de resolver problemas e enfrentar desafios frequentemente, demonstrando ter uma postura flexível, que pode se adaptar com rapidez.
A carreira em DevOps no setor público
A carreira de DevOps no setor público tem ganhado relevância à medida que as agências governamentais buscam se modernizar e aprimorar suas infraestruturas tecnológicas para oferecer serviços digitais mais eficientes e seguros.
Nos últimos anos, muitos órgãos públicos perceberam a importância da automação, da integração contínua (CI/CD) e da arquitetura em nuvem para enfrentar os desafios de escalabilidade e segurança dos serviços prestados aos cidadãos. Esse contexto gera demanda por profissionais DevOps que, embora em menor número do que no setor privado, desempenham um papel fundamental na transformação digital do governo.
Quando o assunto é vantagem do setor, precisamos começar falar sobre a estabilidade de carreira, com contratos e vínculos que geralmente garantem maior segurança em termos de continuidade no emprego e benefícios trabalhistas. Outro ponto positivo é que muitos órgãos governamentais oferecem oportunidades para que o profissional DevOps trabalhe em projetos de longo prazo e de grande impacto, lidando com sistemas que podem atender milhões de pessoas, como portais de serviços online e plataformas de dados.
Mas um dos desafios é que a adoção de tecnologias e métodos no setor público costuma ser mais lenta devido a regulamentações e a processos burocráticos que, embora necessários, impactam a agilidade. Assim, a implantação de práticas modernas, como automação de infraestrutura e orquestração de contêineres, tende a ocorrer de forma gradual.
Para o profissional de DevOps no setor público, é comum lidar com uma infraestrutura legada e com processos tradicionais, que exigem um perfil paciente e adaptável. Pessoas com habilidades de análise de processos e espírito colaborativo têm uma grande vantagem, já que precisam encontrar formas de aplicar práticas DevOps sem comprometer as restrições de compliance e segurança.
No Brasil, diversas agências e órgãos públicos têm ampliado suas demandas por profissionais DevOps para impulsionar a digitalização e a eficiência de serviços governamentais. Entre os principais, destacamos o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) e a Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social), que atuam em larga escala no desenvolvimento de sistemas tecnológicos para o governo federal e têm intensificado a adoção de práticas DevOps em suas operações.
Mas há também outras instituições federais e estaduais, como o Banco Central, a Receita Federal, tribunais de justiça estaduais e federais, e órgãos administrativos, também têm buscado especialistas em DevOps para fortalecer suas infraestruturas digitais. Esses profissionais são fundamentais em projetos que exigem segurança, escalabilidade e monitoramento contínuo, especialmente na automação de processos e na atualização de sistemas que atendem diretamente à população.
Esses órgãos costumam abrir vagas para profissionais DevOps por meio de concursos públicos e contratações temporárias, oferecendo um ambiente onde a confiabilidade e a conformidade com normas são requisitos essenciais para garantir a continuidade e segurança dos serviços digitais.
A carreira em DevOps para quem é empreendedor
Agora, para quem é empreendedor, a área de DevOps pode ser um trampolim perfeito para criar soluções inovadoras que atendem a diversas demandas do mercado, como agilidade, escalabilidade e automação de processos. Em vez de trabalhar em uma estrutura corporativa, o profissional empreendedor em DevOps pode construir sua própria empresa, fornecendo serviços de automação, integração contínua e soluções de infraestrutura como código para empresas que buscam otimizar suas operações de TI.
O perfil do empreendedor nessa área é geralmente o de alguém com uma mentalidade voltada para inovação e resolução de problemas complexos. Essa pessoa tende a ser altamente técnica, mas também possui uma boa dose de visão estratégica e habilidades de liderança. É comum que esses profissionais tenham experiência em diversas áreas da tecnologia e, muitas vezes, um desejo de criar algo novo, seja uma startup ou um serviço especializado, sem as limitações estruturais de uma empresa tradicional.
Seguir esse caminho acaba oferecendo maior liberdade de decidir os próprios projetos, sem contar com a flexibilidade de horários e a possibilidade de escalar rapidamente o negócio. Não só isso, há também uma capacidade de trabalhar com empresas de diversos portes e setores, o que também é um grande atrativo.
Os desafios podem ser igualmente significativos. A principal desvantagem é a instabilidade financeira, já que, como empreendedor, o risco de investimento pessoal e o tempo necessário para construir uma clientela fiel são altos. Por fim, tem a responsabilidade pela gestão de todos os aspectos do negócio também pode ser exaustiva, pois além de atender aos clientes, o empreendedor precisa lidar com a parte administrativa, vendas e marketing, a menos que o profissional opte por contratar mais profissionais que possam atender a essas demandas.
Saiba mais: O que faz um DevOps? Veja as 5 atribuições desse especialista!
Salário e benefícios
Chegou o momento de falarmos em dinheiro. Vamos entender um pouco mais sobre as expectativas salariais para um profissional de DevOps, bem como os tipos de benefícios que as empresas costumam oferecer – mas sempre com a ressalva de que tudo pode mudar ao longo do tempo ou dependendo do local. As informações estão no site Glassdoor.com.br. Pronto?
Salários
- Engenheiro de DevOps: média salarial de R$ 9.821;
- Engenheiro de confiabilidade de sites (SRE): média salarial de R$ 10.307;
- Engenheiro de orquestração de contêineres: média salarial de R$ 6.303,00;
- Engenheiro de gestão de configurações: média salarial de R$ 11.167;
- Arquiteto DevOps: média salarial de R$ 12.350;
- Especialista em automação de testes: média salarial de R$ 10.500;
- Especialista em segurança DevOps: média salarial de R$ 17.100.
Principais benefícios
No setor de tecnologia, e especialmente na carreira em DevOps, as empresas sabem que oferecer benefícios competitivos é bom para atrair e reter talentos qualificados. Esses benefícios vão além da remuneração e buscam apoiar tanto o bem-estar do profissional quanto o seu crescimento na área. Veja abaixo alguns dos principais benefícios que costumam ser oferecidos aos profissionais de DevOps:
- Plano de saúde e odontológico;
- Vale-refeição ou alimentação;
- Vale-transporte ou auxílio combustível;
- Bônus de desempenho;
- Participação nos lucros ou resultados (PLR);
- Home office ou trabalho remoto;
- Flexibilidade de horário;
- Treinamentos e certificações profissionais.
Cultura e desafios da carreira
A carreira em DevOps traz consigo uma série de particularidades que impactam tanto o ambiente de trabalho quanto o dia a dia do profissional. As demandas dessa área exigem habilidades que vão além do conhecimento técnico, refletindo no modo como os profissionais interagem com suas equipes e lidam com os desafios da profissão.
A seguir, vamos explorar mais sobre a cultura de trabalho nessa carreira e os principais desafios que os profissionais enfrentam.
Cultura de trabalho
Colaboração e integração
A essência da cultura DevOps está na colaboração entre equipes de desenvolvimento e operações, tradicionalmente separadas. Esse modelo promove uma integração contínua, onde ambos trabalham juntos para garantir entregas mais rápidas e confiáveis.
Essa mentalidade de parceria reduz silos e incentiva a troca constante de informações, otimizando processos.
Ciclo de vida do software compartilhado
Ainda pensando na colaboração entre as equipes, existe uma responsabilidade conjunta pelo ciclo de vida do software aplicado, desde o desenvolvimento até o monitoramento em produção.
Assim, acaba havendo um senso de propriedade coletiva, onde todos se sentem parte do sucesso ou das falhas do projeto, demandando mais cuidado e uma atenção maior.
Mentalidade de automação
A automação é um pilar importantíssimo da cultura DevOps. Ferramentas para automação de infraestrutura, testes e entrega contínua ajudam a minimizar erros humanos e aceleram processos.
Isso significa que os profissionais na área são encorajados a buscar soluções que tornem o trabalho mais ágil e eficiente, usando práticas como IaC (Infrastructure as Code) e CI/CD (Continuous Integration/Continuous Deployment).
Monitoramento e feedback
Uma forte cultura de monitoramento está presente no DevOps. Ferramentas de observabilidade ajudam as equipes a identificar problemas antes que se tornem críticos, enquanto sistemas de feedback contínuo garantem que todas as etapas do processo sejam revisadas e melhoradas continuamente.
Priorização da qualidade
Por meio de testes automatizados e entregas contínuas, a cultura de DevOps prioriza a qualidade em todas as etapas do desenvolvimento. A meta é entregar um produto funcional, confiável e com excelente desempenho, o que exige disciplina e compromisso de toda a equipe.
Principais desafios
Superar diferenças entre equipes
Embora a colaboração seja um pilar do DevOps, romper as barreiras culturais entre as equipes de desenvolvimento e operações nem sempre é fácil. A resistência à mudança e a mentalidade de trabalho em silos ainda são desafios comuns. Além disso, podem surgir conflitos de prioridade e visão que atrasam entregas e comprometem a qualidade do processo, exigindo comunicação clara e estratégias de integração eficazes.
Garantir a segurança
Integrar segurança no fluxo ágil de DevOps é um desafio crescente. O DevSecOps busca solucionar isso, mas equilibrar velocidade e proteção contra vulnerabilidades requer habilidades especializadas e ferramentas que integrem segurança ao longo de todo o pipeline de entrega.
Pressão por resultados rápidos
A cultura de entregas contínuas pode levar a prazos apertados e alta pressão. Esse ritmo acelerado, combinado com a expectativa de resultados sem falhas, exige resiliência emocional e habilidades de gerenciamento de tempo para evitar o esgotamento.
Problemas de infraestrutura herdada
Em muitas empresas, o DevOps precisa lidar com infraestruturas antigas que não foram projetadas para práticas modernas. Migrar esses sistemas para ambientes nativos da nuvem ou adaptá-los às novas tecnologias pode ser um processo caro, demorado e propenso a erros.
Sindicatos e associações profissionais
Os sindicatos ajudam a defender os direitos trabalhistas, negociar melhores condições de trabalho e garantir representatividade para questões específicas do setor.
O campo de atuação do DevOps ainda está encontrando sua voz em termos de representação sindical. Apesar de não haver um sindicato dedicado exclusivamente a esse nicho, profissionais da área podem recorrer a entidades como o Sindpd e SindInfo que atuam de forma abrangente para representar trabalhadores do setor de tecnologia e processamento de dados.
Quando o foco se volta para associações profissionais, as oportunidades se expandem. Organizações como a Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) promovem eventos, cursos e oportunidades de networking, apoiando o crescimento profissional. A FENAINFO (Federação Nacional das Empresas de Informática) também oferece eventos e cursos voltados a tecnologia, de modo geral. Internacionalmente, associações como a DevOps Institute e a CNCF (Cloud Native Computing Foundation) são referência. Elas oferecem certificações, workshops e acesso a recursos exclusivos, ajudando a manter os profissionais atualizados com as melhores práticas globais.
Regulamentações e ética profissional
É natural se perguntar sobre as regulamentações que guiam as carreiras de tecnologia, afinal, estamos cada vez mais conectados e um novo mundo se expande, nesse sentido. No Brasil, assim como em muitos outros países, ainda não existem leis específicas que regulem diretamente o trabalho de profissionais DevOps. Isso não significa, entretanto, que esse campo opere no vácuo jurídico.
A atuação em tecnologia é influenciada por regulamentações mais amplas, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que dita como dados pessoais devem ser tratados, impactando práticas de segurança e privacidade nos sistemas gerenciados por equipes DevOps. O Marco Civil da Internet traz diretrizes sobre direitos e deveres na utilização da rede, o que pode afetar o desenvolvimento e manutenção de aplicações e serviços online.
É importante ter em mente que o ambiente colaborativo entre equipes de desenvolvimento e operações exige transparência, confiabilidade e comprometimento com a qualidade. É esperado que os profissionais ajam com integridade ao lidar com informações sensíveis, mantendo a confidencialidade de dados tanto da empresa quanto de seus clientes. A ética nesse campo também envolve respeito às práticas de DevSecOps, garantindo que a segurança seja incorporada desde o início dos processos, sem comprometer a agilidade das entregas.
Portanto, ainda que a área esteja sem regulamentações específicas, o profissional de DevOps tem muito a considerar ao alinhar suas práticas ao que há de mais na nossa legislação tecnológica e ao manter altos padrões éticos. Essa combinação de responsabilidade legal e moral define não só o sucesso individual, mas também o impacto positivo que o trabalho pode ter nas redes e programas.
Perspectivas futuras
Vimos que o mercado está voando para a carreira em DevOps, mas será que o futuro aparenta ser tão dinâmico também? Bom, à medida que a tecnologia continua a evoluir, o papel do profissional DevOps ganha ainda mais relevância, se tornando capaz de adequar seu trabalho às novas demandas de um mundo cada vez mais acelerado. As empresas estão abraçando práticas como cloud computing, orquestração de contêineres e automação de infraestrutura, impulsionando a necessidade de profissionais que não apenas compreendam essas tecnologias, mas que sejam capazes de integrá-las a fluxos de trabalho contínuos e eficientes.
A gente já falou de uma das tendências mais promissoras para os próximos anos: a consolidação do DevSecOps. A segurança não é mais apenas um complemento, mas uma parte essencial desde o início do ciclo de desenvolvimento. Em um cenário onde as ameaças cibernéticas se tornam cada vez mais sofisticadas – e frequentes -, o mercado buscará especialistas capazes de implementar estratégias de segurança robustas sem comprometer a agilidade e a inovação.
A automação também continuará sendo um grande motor dessa área. Tecnologias como inteligência artificial e machine learning estão começando a ser integradas às práticas DevOps, permitindo análises preditivas, otimização de processos e resolução de problemas em tempo real. Com isso, profissionais com habilidades em IA e análise de dados terão ainda mais oportunidades de destaque.
Do ponto de vista organizacional, DevOps deve se expandir para além do setor de tecnologia tradicional. Áreas como saúde, finanças e até mesmo governos estão reconhecendo o valor dessa abordagem para aumentar a eficiência e a confiabilidade de seus sistemas. Isso cria um horizonte mais amplo para profissionais que desejam explorar diferentes indústrias.
Como ingressar na carreira em DevOps
Entrar no mercado de trabalho como profissional DevOps pode parecer desafiador à primeira vista, mas as oportunidades estão aí para quem sabe onde buscar e como se preparar. Para quem está iniciando, uma das opções mais acessíveis e flexíveis é trabalhar como freelancer.
Plataformas como Workana, 99Freelas, Upwork e Freelancer.com oferecem uma excelente oportunidade de se inserir no mercado, já que as empresas estão constantemente em busca de profissionais para projetar, automatizar e gerenciar sistemas de maneira eficiente.
O trabalho freelancer também tem a vantagem de permitir que você experimente diferentes nichos e tipos de empresas, além de te ajudar a desenvolver habilidades essenciais como a comunicação com clientes, o cumprimento de prazos e a adaptação a diferentes ferramentas e tecnologias.
Outra ótima porta de entrada é o estágio. Empresas privadas, especialmente startups e grandes players do mercado de tecnologia, oferecem programas de estágio que permitem aprender na prática como funciona a rotina de DevOps. Para quem tem um perfil mais orientado ao setor público, vale a pena ficar de olho em concursos que, mesmo não citando “DevOps” diretamente, demandam habilidades correlacionadas, como administração de sistemas ou automação de infraestrutura.
Quando o assunto é apresentar suas qualificações, surge a dúvida: é melhor ter um currículo ou um portfólio? Na área de DevOps, o portfólio pode ser um diferencial poderoso. Mostrar exemplos concretos de projetos que você desenvolveu ou contribuiu — como pipelines de CI/CD que você criou, soluções de monitoramento que implementou ou infraestruturas automatizadas que ajudou a construir — pode ser muito mais impactante do que uma lista de habilidades no papel. Ainda assim, ter um currículo bem organizado, destacando suas certificações, habilidades técnicas e experiências anteriores, é importante, especialmente para processos seletivos mais tradicionais.
Não deixe de investir em networking! Para isso, participar de eventos como congressos e seminários e se jogue nas maratonas de programação, essas são excelentes formas de conhecer pessoas na área e até mesmo descobrir oportunidades de trabalho. Um exemplo disso são eventos organizados pela CNCF, que falamos anteriormente, ou por grandes empresas de tecnologia, que frequentemente procuram talentos nesses espaços.
Caminhos e educação necessária para a carreira em DevOps
Embora a área seja altamente prática e aberta a autodidatas, contar com uma base acadêmica pode fazer toda a diferença, então vamos falar um pouquinho sobre o caminho educacional? Vem com a gente.
Entre as opções mais direcionadas está o tecnólogo em DevOps, uma graduação que oferece conhecimentos específicos sobre automação de processos, integração contínua, infraestrutura como código (IaC) e monitoramento de sistemas, tornando-se uma escolha ideal para quem deseja entrar diretamente no mercado com habilidades técnicas alinhadas às demandas atuais. O diferencial desse tipo de curso está justamente no seu caráter prático e especializado, combinando a teoria necessária com as habilidades técnicas que os profissionais precisam no dia a dia. O curso oferece uma formação mais direta para atender às demandas do mercado, focando nas ferramentas, processos e metodologias fundamentais para o desenvolvimento e operações de sistemas em ambientes modernos de TI.
Mas existem também as graduações em sistemas de informação, engenharia da computação, ciência da computação ou tecnologia da informação também são altamente valorizadas, já que fornecem uma base ampla sobre tecnologia e programação, essencial para quem trabalha na interseção entre desenvolvimento e operações. E para quem busca um início mais rápido, cursos técnicos ou profissionalizantes em áreas como administração de redes ou desenvolvimento de software podem ser o pontapé inicial.
Mas a educação em DevOps não termina com uma graduação. Na verdade, a natureza da área exige constante atualização e aprimoramento. Investir em especializações, como pós-graduações em computação em nuvem, segurança da informação ou automação de infraestrutura, pode ampliar horizontes e abrir portas para cargos mais estratégicos. Da mesma forma, a educação continuada, por meio de bootcamps, workshops e cursos online, é uma ótima maneira de dominar novas ferramentas e metodologias à medida que o mercado evolui.
Os principais campos de estudo em DevOps incluem cloud computing, automação de infraestrutura, integração e entrega contínua (CI/CD), orquestração de contêineres, monitoramento de sistemas e segurança integrada (DevSecOps). Além disso, habilidades comportamentais como resolução de problemas, colaboração e comunicação são indispensáveis para trabalhar de forma eficaz entre equipes de desenvolvimento e operações.
Um ponto a considerar ao longo da carreira é obter certificações, que não apenas validam o seu conhecimento, mas também ajudam a destacar seu currículo no mercado. Entre as certificações mais valorizadas estão a AWS Certified DevOps Engineer, Google Professional DevOps Engineer, Microsoft Certified: DevOps Engineer Expert e Docker Certified Associate. Outras como a Certified Kubernetes Administrator (CKA), da CNCF, ou certificações em ferramentas específicas de CI/CD, como Jenkins, também são altamente recomendadas.
Veja também: descubra se Análise de Sistemas também é uma carreira lucrativa!
Como se qualificar
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