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Guia Completo da Carreira em História

Já pensou em seguir uma profissão que lida com diferentes aspectos da Humanidade e o impacto das mudanças sociais em nossas vidas? A carreira em História, que existe tanto na educação quanto na pesquisa e patrimônio, lida diretamente com essas e outras questões.

Um dos principais pilares do profissional de História é o interesse pela intersecção de diferentes conceitos e contextos históricos. Aqui, é importante conhecer datas e figuras históricas, mas, principalmente, como elas se desdobram em transformações ao longo do tempo.

Além disso, um historiador pode atuar no setor educacional, por meio de uma licenciatura em História ou mestrado e doutorado focados em educação superior. Nesse sentido, é uma trajetória bastante recompensadora, já que engloba a difusão de conhecimento em gerações futuras.

Por ser uma trajetória profissional longa e ampla, muitos jovens em formação querem saber mais sobre ela e sua aplicação em diferentes setores do conhecimento.

Continue a leitura para entender melhor como a carreira em História funciona, as qualificações necessárias e oportunidades de atuação!

Como é a Carreira em História?

A carreira em História se desdobra, principalmente, em três vertentes. A primeira delas é a profissão de historiador. Um historiador pode atuar em diferentes instituições, como museus, centros de pesquisa, órgãos governamentais e institutos patrimoniais. Seu trabalho lida diretamente com a pesquisa histórica e documentações importantes.

Para trabalhar com história, é essencial ter um olhar crítico e capacidade de contextualização. Ou seja, esse profissional deve entender como diferentes realidades históricas alteram e impactam o objeto de estudo.

O começo dessa carreira em História exige uma formação específica, o bacharelado em História. O bacharelado é o modelo de graduação que inclui disciplinas generalistas e específicas, trazendo panoramas relevantes de outras ciências como Sociologia, Antropologia, Geografia e Ciências Sociais vinculados ao estudo histórico. Nessa modalidade, a graduação é o ponto de partida para o aluno obter os conhecimentos necessários e escolher um foco de estudo. 

Vale lembrar que a graduação é apenas o início dessa trajetória: muitos alunos optam por continuar com especializações, mestrados e doutorados em áreas de estudo de seu interesse. Isso porque a História em si é uma área muito ampla e exige que o profissional tenha nichos específicos de conhecimento.

No trabalho, esse nicho pode atrair oportunidades de cargos mais adequados para cada profissional. Por exemplo, o Arquivo Nacional é um órgão federal especializado em gestão e recuperação de documentos históricos do país, que atua diretamente em temáticas como imigração, fundação de instituições e manutenção de instituições de pesquisa nacionais e internacionais. Ou seja, historiadores que trabalham com a área documental e seus desdobramentos lidam diretamente com esse recurso.

Outra vertente da carreira em História é a carreira na educação. A formação específica para esse setor, no caso da Educação Básica, é uma licenciatura em História. Esse curso, que une disciplinas teóricas de História e conceitos-chave de Pedagogia, Didática e outros recursos importantes para docentes, prepara o aluno para atuar em sala de aula.

professor e alunos em sala de aula
A licenciatura em História tem disciplinas de Pedagogia

Além de entender os desdobramentos e principais acontecimentos históricos que impactam a sociedade atual, o professor de História deve estar preparado para inseri-la nas propostas pedagógicas adequadas. 

Isso inclui o conhecimento em diretrizes educacionais vigentes, como a BNCC, que estabelece, para egressos do Ensino Médio, competências como:

Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.” 

O documento também inclui critérios relevantes para o ensino de História do Brasil, como:  “Relacionar acontecimentos históricos de curta, média e longa duração, com base na análise de diferentes fontes, para compreender a dinâmica de mudanças e permanências de relações políticas, econômicas, sociais e culturais, no mundo contemporâneo, com foco no Brasil, de forma que se discuta e proponha mudanças a partir dos problemas identificados.

Ou seja, para que o aluno conclua o ensino médio com o contexto histórico e o pensamento crítico e analítico necessários para entender melhor a sociedade e suas dinâmicas, a História deve incluir tanto a observação de dados e documentos como a relação entre política, cultura, economia, instituições e pessoas.

Aqui, a carreira em História como docente exige que o profissional tenha o preparo necessário para promover essas temáticas a seus alunos de forma clara, interessante e que desperte seu interesse em aprofundar os estudos e incluir a História em seu repertório.

Também existe a carreira em História no contexto do Ensino Superior. As IES nacionais e internacionais contam com programas robustos de pesquisa e geração de conhecimento sobre história e áreas correlatas. Os docentes e pesquisadores científicos dessas instituições, tanto públicas quanto privadas, contribuem para a geração de referências científicas que serão usadas por outros agentes, como cientistas sociais, economistas, antropólogos, etc, no universo acadêmico e fora dele. 

Existe, inclusive, uma premiação específica para obras no setor, o Prêmio ABL de História e Ciências Sociais, criado pela Academia Brasileira de Letras, para prestigiar livros sobre o conhecimento histórico.

Por fim, também é possível trabalhar com História em áreas de difusão de conhecimento. Quantos veículos midiáticos, museus, centros culturais e materiais educacionais utilizam diariamente dados históricos em sua produção? O historiador especialista pode oferecer contextos importantes por meio de consultorias, por exemplo, que garantem que o material seja compatível com a ciência.

O mesmo ocorre em produtos culturais, como filmes e livros. O historiador pode trabalhar com a revisão e adequação de conteúdos ao contexto histórico da obra. Por exemplo, um filme sobre a Revolução Francesa pode ser mais verossímil se um historiador especialista na área for consultado. Já um livro que aborda questões do modernismo brasileiro exige trabalho de um historiador com foco em arte.

diretora em set de filmagem
O historiador pode oferecer suporte para a produção de filmes

Justamente por essas vertentes da História, ela é considerada uma área de alto nível de especialização. Há historiadores que focam em História Antiga, História Brasileira, revoluções sociais, regimes políticos e seus desdobramentos, movimentos sociais, globalização, migração e outras áreas de interesse. Mas há também espaço para carreira em História da Arte, Moda, Tecnologia, Cultura, Meio Ambiente, entre outros temas de intersecção com os períodos históricos.

Nesse sentido, uma das principais características da carreira em História é que ela é ideal para profissionais que apreciam uma rotina de estudos e atualização constantes, que gostam de leituras e referências e têm perfil curioso e atento aos detalhes.

Quais temas fazem parte da formação em História?

Durante um curso superior de História, que é o primeiro passo para atuar na área, o aluno entra em contato com uma variedade de temas e áreas de estudo que o preparam para sua carreira em História. 

As formações abordam tanto os aspectos fundamentais da História Antiga e seu impacto na sociedade atual como as diferenças e transformações sociais que representam debates importantes na elaboração de políticas públicas a longo prazo. Entre os temas mais relevantes que o profissional de História deve dominar antes de iniciar sua trajetória profissional estão:

História do Brasil

A História Brasileira é uma área essencial para todos os historiadores do país. Isso porque é essencial compreender os contextos históricos para a formação sociopolítica, econômica e cultural do Brasil a nível nacional e regional. 

Para isso, é importante estudar a realidade pré-colonial indígena, a chegada dos europeus ao território brasileiro, as mudanças do período colonial, exploração de recursos naturais como ouro e minerais, a formação do Império e a Proclamação da República e seus desdobramentos.

Outro ponto importante é entender como as relações e oportunidades de trabalho impactaram a economia e a sociedade brasileira, com temas como tráfico de escravizados, resistência quilombola, imigração de mão de obra europeia, manutenção de latifúndios, etc. Além disso, o historiador deve saber analisar como as desigualdades históricas repercutem nas desigualdades atuais.

Outros pontos importantes de estudo são a Era Vargas, a Ditadura Militar, a globalização econômica, a migração, a troca cultural e as transformações políticas contemporâneas.

Historiografia

Historiografia é o estudo da interpretação da História ao longo do tempo. Ou seja, o historiador deve compreender diferentes vertentes e escolas e suas metodologias para explorar seu impacto na geração de conhecimento sobre cada época. Alguns temas essenciais são positivismo, marxismo, História Cultural, questões de gênero na análise histórica, etc.

O papel do historiador como ponte entre o passado e o presente também é ponto de estudo da Historiografia. É essa área que levanta debates sobre o foco de narrativas históricas, escolha de fontes, viés de observação, métodos de registro, etc. O principal objetivo é evitar simplificações ou distorções históricas.

mosaico de Alexandre, o Grande
Em Historiografia, o historiador busca evitar distorções

Movimento Modernista

O Movimento Modernista é um tema crítico para historiadores que focam seu trabalho no século XX e na cultura brasileira. A Semana de Arte Moderna de 1922, estopim do modernismo brasileiro, trouxe transformações inéditas para a literatura, a música, as artes plásticas e as reflexões sociais a nível nacional. Os historiadores devem explorar como o movimento surgiu da busca por uma identidade cultural brasileira e suas ramificações a longo prazo.

Além disso, o estudo do modernismo amplia os debates sobre a intersecção entre cultura e sociedade, as variações regionais das transformações sociais e a produção cultural como forma de registro histórico.

Ditadura Militar

A Ditadura Militar no Brasil tem grande relevância histórica e impacto contínuo em debates políticos e sociais. Por isso, é papel do historiador analisar os fatores que levaram ao regime ditatorial, incluindo a censura, os agentes envolvidos na busca pelo poder, as leis existentes, as formas de resistência e estratégias de opressão de grupos variados. 

Outro aspecto importante é a análise da memória da ditadura, tais como o registro dos acontecimentos por diferentes instituições e como as narrativas podem alterar a imagem desse  período. O estudo da ditadura militar é, portanto, uma reflexão sobre o papel do historiador na preservação da memória e na promoção da reparação histórica.

Revolução Francesa e Iluminismo

A Revolução Francesa (1789-1799) e o Iluminismo são aspectos essenciais do estudo da História no mundo todo. Esse contexto histórico trouxe consigo conceitos modernos como cidadania, direitos humanos e democracia, aplicáveis no estudo de diferentes sociedades desde então. Para o historiador, a trajetória desses eventos é essencial para compreender as raízes das transformações políticas e sociais que moldaram o mundo contemporâneo.

O estudo do Iluminismo envolve o trabalho de filósofos como Rousseau, Voltaire e Montesquieu, enquanto a Revolução Francesa aborda questões como a radicalização política, as lutas de classes e os efeitos das revoluções em contextos coloniais.

Guerra Fria e Globalização

O historiador que deseja atuar em áreas relacionadas à história contemporânea precisa compreender os eventos da Guerra Fria, como o confronto de ideais entre Estados Unidos e União Soviética, a corrida armamentista, a disseminação de  blocos políticos e os impactos desse período nos países da América Latina, África e Ásia.

A Guerra Fria também é um período que pode ser estudado para compreender os desafios e oportunidades da globalização, como dependência econômica, tendências culturais, meios e tecnologias de informação, além de pontos de debate contemporâneos, como a desigualdade de poderes e o impacto ambiental.

Industrialização no Brasil

A industrialização brasileira, especialmente no século XX, é um tema essencial para entender a modernização do país frente às economias mundiais. É parte do trabalho do historiador refletir sobre os ciclos de crescimento industrial, as políticas econômicas que incentivaram o setor e os impactos sociais dessas transformações, como a urbanização, o uso de recursos naturais e o impacto climático.

cidade de São José dos Campos
Ao estudar a Industrialização, o historiador também analisa processos como urbanização

Além disso, estudar a industrialização permite explorar o papel das relações de trabalho na identidade e a formação de desigualdades de classe e regionais a longo prazo. Esse tema dialoga diretamente com questões contemporâneas, como economia sustentável e mudanças no mercado de trabalho.

Cultura Afro-Brasileira 

O estudo da cultura afro-brasileira é essencial para compreender que as pessoas em geral possam identificar o impacto da população africana na formação da identidade nacional, desde palavras trazidas ao português até costumes que se tornaram parte da rotina dos brasileiros. Isso envolve o estudo de temas como religiões afro-brasileiras, música, artes visuais, literatura negra e o impacto da diáspora africana nas tradições e crenças populares.

Descolonização e Imigração

O processo de descolonização, tema que se tornou ponto de discussão a partir do século XX, é central para entender as mudanças no cenário político mundial. Para o historiador, estudar a descolonização significa notar como os movimentos de independência na África, Ásia e América Latina trouxeram resistência aos impérios coloniais ainda existentes e foram ponto de partida para o surgimento de novas nações e culturas.

Também é fundamental pensar em como a imigração contemporânea transformou o espaço social e político de países ao redor do mundo, explorando como diferentes ondas migratórias moldaram a sociedade. No Brasil, por exemplo, a chegada de italianos, japoneses, alemães e outros grupos trouxe contribuições significativas à cultura, economia e à composição da população nacional.

O historiador deve também abordar as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, como discriminação e adaptação cultural, questão de refugiados, insegurança de permanência, políticas públicas, etc.

Patrimônio Histórico e Prevenção ao Esquecimento

Preservar o patrimônio histórico é uma das principais responsabilidades do historiador. Isso inclui, claro, a conservação de construções, sítios arqueológicos, monumentos e objetos de valor histórico, mas não só isso. O resgate de memórias e narrativas de grupos que foram historicamente marginalizados, por exemplo, traz impactos significativos na compreensão de eventos. 

A prevenção ao esquecimento é um aspecto ético da profissão. Documentar a história de comunidades indígenas, preservar arquivos relacionados a violações de direitos humanos, encontrar formas de manter registros de idiomas e tradições, entre outros, são atividades do historiador com objetivo de evitar o apagamento do passado e a repetição de erros históricos.

Características de um bom profissional de História

Para ter uma carreira em História, é essencial que o profissional tenha alto nível de conhecimento acerca de diversos temas históricos, incluindo marcos sociais e culturais, mas essa área não se resume apenas ao passado.

Para se destacar, é preciso ter um perfil multidisciplinar, que atue entre diferentes contextos históricos e que saiba dialogar com áreas ligadas à História, como educação, arte, cultura, economia, política, etc.

Além disso, um bom historiador tem domínio técnico em preservação do patrimônio cultural, a produção de conteúdo científico e a análise crítica de fontes e documentos históricos, sendo referência para outros setores de conhecimento. 

Ou seja, além de entender como a História impactou o mundo contemporâneo, é preciso ter compreensão das formas de registro que utilizamos ao longo do tempo para esses estudos.

homem concentrado olhando computador
Quem estuda História também deve compreender os processos de registro

Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da História e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a História – Sérgio Buarque de Holanda, historiador e escritor.

Assim, o historiador se torna um agente essencial na construção de uma sociedade mais informada, consciente e justa, onde o passado não é apenas uma perspectiva estática, mas sim uma fonte de pesquisa para gerar mudanças futuras.

Como está o Mercado para profissionais de História?

Os profissionais de História são profissionais cada vez mais relevantes no cenário nacional e internacional. Isso porque, com os desafios gerados por iniciativas educacionais e de preservação da memória material e imaterial, a discussão sobre registros e estudos vêm à tona.

Por exemplo, segundo o guia de Patrimônios Mundiais da UNESCO, há quinze locais de interesse histórico e cultural no Brasil que devem ter estratégias de atenção, educação e difusão. Entre eles estão:

  • Brasília
  • Centro Histórico de Olinda
  • Outro Preto e Diamantina
  • Cais do Valongo
  • Sítio Roberto Burle Marx
  • Santuário do Bom Jesus de Matosinhos

Ou seja, ao estudar a História Brasileira, sua arquitetura e cultura, é interessante refletir sobre o papel que elas desempenham na formação do país e sua identidade perante o mundo. Aqui, o historiador é uma figura essencial para esses debates.

Segundo a convenção da UNESCO de 970, os programas educativos são parte essencial da preservação. O artigo 27 delimita que:

“Os signatários desta convenção devem, pelos meios adequados, principalmente programas educacionais e informativos, reforçar o apreço e o respeito das pessoas pelo patrimônio cultural e natural da humanidade.”

Os historiadores também fazem diferença na implementação de estratégias ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Por ser uma proposta sociocultural e econômica que engloba países de diferentes realidades, é essencial ter perspectivas que analisem o contexto histórico dessas desigualdades e formas de mitigá-las.

O objetivo 10, por exemplo, é reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. Para que isso seja possível, uma das diretrizes da ONU é “assegurar uma representação e voz mais forte dos países em desenvolvimento em tomadas de decisão nas instituições econômicas e financeiras internacionais globais, a fim de produzir instituições mais eficazes, críveis, responsáveis e legítimas”. 

A perspectiva histórica sobre essas desigualdades oferece insights relevantes sobre como combatê-los, seja na legislação nacional, seja nas vozes escolhidas para representar interesses marginalizados, seja na priorização de recursos.

Quais são as especializações em História?

Um ponto importante da carreira em História é que ela permite atuar dentro e fora de sala de aula, na geração e difusão de conhecimento sobre o tema. Por isso, é uma carreira que traz possibilidades de crescimento para diferentes perfis profissionais.

História no Ensino Básico

O Ensino Básico tem na História uma de suas principais disciplinas, Além de contextualizar movimentos históricos e figuras relevantes para alunos do Ensino Fundamental e médio, de forma responsável, clara e que destaque a importância dessa disciplina, o professor é uma fonte de conhecimento que amplia o repertório cultural e a capacidade de pensamento crítico do aluno. 

moça lendo livro concentrada
O professor incentiva o aluno a ter pensamento crítico

Por exemplo, segundo a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), entre as habilidades que devem ser desenvolvidas nos alunos de Ensino Médio estão “Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais”. Ou seja, o professor deve facilitar esse aprendizado múltiplo.

Também é possível trabalhar na criação de material didático e grades curriculares para escolas, se baseando nas principais necessidades pedagógicas desse setor.

A História nas universidades 

Na universidade, o professor e pesquisador de História tem uma carreira de destaque. Aqui, além das aulas aos graduandos em História em si, é possível trabalhar de forma indireta: oferecendo disciplinas eletivas para outras graduações em Ciências Humanas, como o curso de Economia

Além disso, nas universidades há espaço para a criação e gestão de grupos de pesquisa especializados em segmentos de estudo históricos, em que o docente lidera equipes focadas em sua área de interesse científico. A produção da pesquisa acadêmica, além de materiais como teses e dissertações, pode ser transformada em livros e outros materiais de comunicação para ser levada além da universidade. 

Pesquisa institucional

Existem muitas instituições que contam com apoio de historiadores para suas operações. Por exemplo, no setor público, há órgãos como museus, bibliotecas, centros de pesquisa e conservação de patrimônios históricos que exigem o trabalho de especialistas.

Isso também ocorre no setor privado, em que o trabalho do historiador pode lidar diretamente com a coordenação de documentos, referências e dados que possam ser utilizados em organizações de interesse social, político e cultural. 

Assim como na carreira em Geografia, a carreira de História com pesquisa institucional é bastante múltipla. Há profissionais que atuam em campo, por exemplo, visitando centros arqueológicos ou fazendo pesquisas documentais. Já outros optam por pesquisas bibliográficas para definir estratégias de utilização de recursos de forma correta.

Meios de comunicação

Os meios de comunicação e difusão de conteúdo também podem precisar de historiadores qualificados em seu dia-a-dia. Muitos profissionais são analistas ou colunistas de jornais e revistas, por exemplo, oferecendo perspectivas relevantes sobre o contexto e precedentes históricos em mudanças socioeconômicas e políticas.

Além disso, é possível atuar na consultoria, como filmes e livros que se passam em épocas específicas e buscam um cenário verossímil com o contexto histórico delas. O historiador pode se especializar nesse tipo de serviço.

Museus, arquivos e coleções

Os museus, arquivos e coleções precisam de gestores qualificados, como historiadores. Muitas dessas instituições contam com esses profissionais para definir estratégias educativas e de exposição, utilizando a contextualização histórica para torná-las mais interessantes e aplicáveis para a população. Por exemplo, o Instituto Moreira Salles utiliza o contexto histórico para apresentar o trabalho de fotógrafos relevantes aos visitantes, incluindo temas como trabalho e vida urbana. Já o Museu do Amanhã, com foco no futuro, utiliza registros históricos sobre crescimento econômico, avanço da tecnologia e mudanças da sociedade para trazer reflexões sobre transformação e sustentabilidade.

museu de Medicina
Os historiadores podem trabalhar em museus

Ao trabalhar com essas comunidades, o historiador pode ajudar a sensibilizar as pessoas sobre a importância de proteger bens materiais e imateriais, desde sítios arqueológicos até manifestações artísticas e tradições culturais.

Além disso, o historiador especialista em conservação pode contribuir na restauração de objetos, por meio de conhecimentos em materiais e técnicas, além de interpretação de documentos e evidências históricas.

Salários da carreira em História

Segundo a plataforma salário.com.br, que coleta informações sobre contratos e remuneração no Brasil, o salário médio de um historiador é de R$4500. Mas isso varia de acordo com o segmento de atuação, a senioridade e o tipo de trabalho realizado.

Por exemplo, o historiador que atua em atividades de associações de defesa de direitos sociais tem salário médio de R$5000. Já um docente do Ensino Superior, segundo dados do CAGED, recebe cerca de R$6000.

Um ponto importante da carreira da História, principalmente na área da educação e de órgãos governamentais, é a estabilidade. Muitos cargos são concursados, o que traz salários competitivos e benefícios relevantes para a qualidade de vida do profissional.

Diretrizes de Carreira

Sindicatos e Associações Profissionais

Existem órgãos e associações de classe que guiam a atuação da carreira em História, seja ela no âmbito educacional, empresarial ou institucional. Uma delas é a Associação Nacional de História (ANPUH). Além de estabelecer boas práticas para a profissão, essa associação traz aos filiados oportunidades para troca de conhecimentos, como simpósios regionais e nacionais e Grupos de Trabalho em temas de História, como o GT de História Rural e GT Imagem, Cultura Visual e História. 

Assim, a associação funciona como um impulso para o desenvolvimento de novas ideias sob o contexto e referência histórica, o que fortalece o trabalho dos profissionais da área e gera mais conhecimento a longo prazo.

Para quem busca uma carreira em História baseada em publicações, existe também a Academia Brasileira de História e Literatura (ABHL), cuja missão organizacional é “promover a valorização e divulgação da História e Literatura brasileira no âmbito nacional e internacional, estimulando a produção literária e a pesquisa histórica, promovendo o intercâmbio cultural entre intelectuais, escritores e pesquisadores.”

Regulamentações e Ética Profissional

Além de participar de organizações e associações de classe, o futuro historiador deve seguir as diretrizes legais para exercer a profissão. A lei 14038, de agosto/2020, foi a responsável por regulamentar a área no país. Segundo o artigo 3º:]

O exercício da profissão de Historiador, em todo o território nacional, é assegurado aos:

I – portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituição regular de ensino; 

II – portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituição estrangeira e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação; 

III – portadores de diploma de mestrado ou doutorado em História, expedido por instituição regular de ensino ou por instituição estrangeira e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação; 

IV – portadores de diploma de mestrado ou doutorado obtido em programa de pós-graduação reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES que tenha linha de pesquisa dedicada à História;

V – profissionais diplomados em outras áreas que tenham exercido, comprovadamente, há mais de 5 (cinco) anos, a profissão de Historiador, a contar da data da promulgação desta Lei.

moça com computador escrevendo em caderno
Quem tem mestrado ou doutorado em História pode exercer a função de historiador

Levando essas deliberações em consideração, o documento também aborda quais atividades podem ser consideradas atribuição de historiadores:

“I – magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, desde que seja cumprida a exigência da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB quanto à obrigatoriedade da licenciatura;

II – organização de informações para publicações, exposições e eventos sobre temas de História;

III – planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica;

IV – assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de documentação e informação histórica;

V – assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos para fins de preservação;

VI – elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.

Por fim, a legislação também deixa clara a necessidade da presença desses especialistas em outros segmentos. Segundo o artigo 6º, entidades que oferecem serviços em história devem obrigatoriamente incluir em seu quadro de funcionários ou prestadores de serviço historiadores aptos.

Desafios e Perspectivas Futuras

A carreira em História lida, de forma direta e indireta, com alguns desafios contemporâneos ou os precedentes históricos acerca deles. Por exemplo, o tema da migração e refúgio está intrinsecamente ligado a questões históricas como colonialismo e desigualdade social. Com o aumento de guerras e conflitos, o historiador deve ser uma fonte de referência para o desenvolvimento de estratégias de mitigação de riscos e na implementação de políticas públicas.

Outro ponto importante são as transformações sociais. O avanço tecnológico, a busca por pluralidade nas representações políticas e sociais e as constantes mudanças no cenários e trabalho, no Brasil e no mundo, trazem à tona questões sobre os efeitos de revoluções e ciclos sociais. Ou seja, o historiador pode auxiliar na minimização de problemas nos processos de transição e oferecer perspectivas importantes para a criação de uma sociedade mais justa.

A nível individual, uma carreira em História é uma carreira com alta demanda de atualização. Por isso, o historiador em potencial deve ter em mente a quantidade de leituras que farão parte de sua rotina. Além disso, deve ter fluência em mais de um idioma, já que muitos documentos e referências bibliográficas não estão disponíveis em português. 

Os avanços e o uso da tecnologia como forma de registro e documentação  também são pontos de atenção: por exemplo, como as ferramentas de leitura ODR afetam a compreensão de documentos históricos? Quais recursos podem ser usados para categorizar e armazenar informações que seriam perdidas ao tempo? Como coletar dados sobre grupos e histórias marginalizadas? Qual a melhor forma de difusão de tradições e expressões culturais imateriais? Essas e outras perguntas são desafios futuros e presentes dos historiadores.

Como Ingressar na Carreira de História

Preparação para o mercado de trabalho

O primeiro passo para começar sua carreira em História é buscar a formação adequada. Uma graduação, seja bacharelado ou licenciatura em História, é uma boa opção. Mas há historiadores que iniciam seus estudos em outras áreas e buscam uma pós-graduação para aprofundar seus conhecimentos e que possam abrir espaço para uma carreira, como a pós em Ensino de História e Cultura Afro-brasileira.

professora e alunos em curso
Existem historiadores que são de outras áreas, mas fazem pós-graduação no segmento

Destacando seu perfil profissional

Além dos estudos, é fundamental que uma carreira em História envolva a participação em espaços de geração e troca de conhecimento. Afinal, a História é uma área que se beneficia imensamente de colaboração científica e cultural, favorecendo estratégias de memória, preservação e pluralidade.

Pensando nisso, o profissional que busca destacar seu perfil deve também participar de atividades que valorizem essa troca. Um exemplo é a Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas (CEPHAS), do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Essa comissão, que existe desde a década de 60, é oferecida para alunos, docentes e pesquisadores e tem como objetivo divulgar e comunicar os avanços da pesquisa sobre História nas instituições brasileiras.

Além disso, o órgão realiza cursos e oficinas temáticas sobre temas que intersectam a História, como a Fotografia Documental e os registros da diáspora africana. 

O IHGB também publica a própria revista científica. Em circulação desde o século XIX, ela é considerada parte do Programa Memória do Mundo da Unesco. Conta com pesquisas, dossiês e documentos inéditos escritos e revisados por historiadores relevantes. Por fim, os interessados também podem participar de colóquios e congressos regionais e nacionais, onde apresentam seus trabalhos de pesquisa e entram em contato com o trabalho de outros historiadores.

Durante a carreira em História, os profissionais devem acompanhar, além de eventos do segmento, as mudanças estabelecidas nas normas de seu trabalho. Nesse sentido, é fundamental se manter em dia com as publicações-guia de instituições ligadas ao seu campo de atuação. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por exemplo, gerencia museus, centros de pesquisa e estratégias de preservação do patrimônio material e imaterial nacional. Além de ser uma referência de estudos, o instituto tem publicações importantes para quem trabalha no setor, como o Manual de Orientações Técnicas para a Sinalização do Patrimônio Mundial no Brasil. Também é responsável pela criação e manutenção de programas de interesse histórico, como o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, que restaura e moderniza sistemas de registro e arquivo, além de monumentos históricos e centros culturais. É o caso, por exemplo, da restauração das ruínas da Igreja de São Bento, em Alagoas, ou a implantação da biblioteca Anísio Teixeira, na Bahia.

Faz parte da carreira em História, portanto, entender o papel desses órgãos e os diferentes profissionais envolvidos na historiografia brasileira.

Caminhos e Educação Necessária para atuar em História

Qual nível de educação é exigido na carreira em História?

Um curso superior dedicado é, segundo a legislação, uma das opções para atuar como historiador. Caso o aluno tenha interesse em atuar em setores mercadológicos, como institutos de pesquisa ou empresas, o bacharelado é uma boa opção. Ele oferece todo o conteúdo necessário para o início de carreira, em quatro anos de formação.

rapaz lendo livro
O curso de bacharelado tem 4 anos de duração

Já para atuar no setor educacional, é preciso ir além. A licenciatura em História é o curso de graduação que prepara o egresso não apenas nos requisitos teóricos, mas também na prática pedagógica, essencial para oferecer ensino de qualidade na rede básica.

Para quem busca a continuidade do aprendizado e atuação no setor de pesquisa, é essencial buscar um mestrado acadêmico ou doutorado em História. Essa modalidade de estudos envolve tanto aulas teóricas quanto a realização de projetos de pesquisa e dissertações, orientadas por docentes reconhecidos na área. 

Muitos alunos optam por realizar um mestrado diretamente após a conclusão da graduação. Mas, como a pós-graduação exige dedicação de tempo e recursos, pode ser interessante realizá-la após um período de inserção no mercado, quando o aluno já tem contato direto com diferentes áreas da carreira em História e sabe no que quer se especializar.

Certificações e licenças específicas

Caso o objetivo da carreira em História seja atuar em um segmento de nicho, é fundamental buscar certificações que qualifiquem seu currículo e agreguem repertório bibliográfico e cultural relevantes à aplicação de estudos históricos. É o caso, por exemplo, do mestrado profissional do IPHAN em Preservação do Patrimônio Cultural, que pode transformar a carreira em História, focando nos desafios específicos do setor e incluindo linhas de pesquisa como “Arqueologia como instrumento de empoderamento de grupos culturais no auxílio sobre a tomada de decisões sobre o patrimônio cultural. 

Concursos públicos

Muitas oportunidades de carreira em História são institucionais e ligadas ao setor público. De trabalhos em arquivos e bibliotecas a documentação e registro de populações marginalizadas em setores administrativos, o historiador tem espaço para crescimento nesse sentido. Além disso, para quem busca uma carreira em docência, os concursos são a melhor porta de entrada, tanto no Ensino Básico quanto no Ensino Superior.

Para isso, no entanto, é essencial saber estudar para concursos. Isso significa não apenas dominar os conceitos técnicos de uma formação em História, mas também os desafios específicos da atuação do historiador, o impacto dessa produção científica na sociedade e, claro, a intersecção com outras áreas de estudo. 

O candidato também deve ter boa organização, cronogramas de estudo realistas e, claro, fazer regularmente simulados e exercícios de preparo, para diminuir a pressão na hora da prova.

Como se qualificar em História

O começo de uma carreira em História é desafiador. Por isso, é importante que o futuro profissional tenha ao seu lado instituições preparadas para lidar com a carga de conteúdos e a multiplicidade de uma formação no setor. 

O curso deve ter docentes especialistas e ferramentas de aprendizado atualizadas, com bibliografia e infraestrutura adequada para o aprendizado. Na Anhanguera, os alunos encontram tudo o que precisam, incluindo bibliotecas físicas e virtuais , para que possam se tornar historiadores preparados para os desafios do mercado.

Além disso, o ensino traz ainda mais oportunidade de despertar seu interesse. Com trilhas de conhecimento personalizadas e apoio individual, os alunos da Anhanguera se preparam para o mercado de trabalho de forma dinâmica e realista. Desenvolvem, além de conhecimento técnico, habilidades essenciais como autonomia, curiosidade e pensamento crítico, que fazem toda a diferença na carreira em História.

Contam também com atividades de extensão e networking com a comunidade acadêmica, o que facilita a busca por oportunidades profissionais e a criação de um currículo amplo e interessante para empregadores. 

Veja também: confira 5 áreas em que um historiador pode atuar!

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A Anhanguera tem como objetivo facilitar o acesso ao ensino superior com estratégias como parcerias e convênios, pagamento facilitado, financiamento estudantil e uso do ENEM como forma de ingresso e garantia de bolsas de até 100%.

Gostou de saber mais sobre a carreira em História? Inscreva-se já na Anhanguera e comece já sua transformação educacional!

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