Paternidade responsável representa assumir todos os deveres e obrigações da atuação paterna. Também significa aproveitar e lutar por todos os direitos que permitam você ser um pai ativo, como por uma licença paternidade maior. O que posso adiantar sobre o assunto: ser um pai presente é muito bom.
O envolvimento do pai vai além de pagar contas, ensinar a jogar bola ou eventualmente trocar uma fralda. A presença paterna inclui a divisão de tarefas domésticas, entender e participar do desenvolvimento emocional do filho e ter participação na escola.
Os papéis de gênero estão sendo cada vez mais sendo repensados e hoje ser um pai participativo é assumir muitas tarefas que, até então, se encarava como sendo apenas da maternidade. Abaixo, eu te conto sobre a responsabilidade da participação paterna na criação dos filhos.
Faça uma boa leitura!
- 1 O que é paternidade responsável?
- 2 A importância da paternidade responsável: do individual ao coletivo
- 3 Como ser um pai presente, responsável e consciente?
- 4 Como ser um pai presente estando separado?
- 5 Paternidade responsável e planejamento familiar: como dar conta de tudo?
- 6 Estude para ser pai assim como você estuda para alavancar sua carreira profissional!
O que é paternidade responsável?
Um bom ponto de partida para falar das responsabilidades e deveres de um pai para um filho é a Lei de Paternidade Responsável. Sancionada dia 17 de julho de 2023, instituiu o dia 14 de agosto como sendo o Dia Nacional de Conscientização sobre a Paternidade Responsável.
O objetivo da Lei 14.623/23 é de “conscientizar a sociedade a respeito dos direitos, deveres e obrigações de ordem material, social, moral e afetiva que decorrem dos vínculos paterno-filiais e materno-filiais, gerando famílias com vínculos familiares mais fortes”.
A instituição desse dia especial tem raízes na constituição, que define o princípio da paternidade responsável. Eu trarei mais abaixo como a legislação apresenta esse conceito, mas quero que você observe um ponto.
Essas leis estão falando tanto da presença paterna quanto da materna. O que acontece até hoje é que a sociedade faz uma divisão desproporcional de toda essa responsabilidade parental. Até pouco tempo atrás, era socialmente esperado que ficasse para o papel do pai pagar contas e para a mãe fazer todas as outras rotinas familiares.
A igualdade de gênero permitiu às mulheres assumirem profissões, terem carreiras, serem autônomas até no sustento. No entanto, os pais não fizeram sua parte de assumir sua metade dos cuidados infantis e atividades familiares.
Agora o cenário está mudando e a sociedade como um todo está entendendo a importância de uma paternidade consciente. Você verá mais à frente neste artigo orientações teóricas e práticas para ser um pai dedicado a ter uma paternidade ativa. A possibilidade de ter acesso a essas informações é justamente um dos sinais desta mudança.
Qual é o princípio da paternidade responsável?
Eu trarei agora o princípio da paternidade responsável, um conceito legal da constituição sobre o papel dos responsáveis diretos pela criança. Muitas pessoas lêem esta parte da lei e já fazem, mentalmente, uma divisão de tarefas de pai e de mãe, mas quero que você a veja de uma forma diferente.
Se você quer aprender sobre responsabilidade paterna, ter um bom vínculo pai e filho, precisa absorver o texto. O pai presente na educação e desenvolvimento infantil vai além de pagar conta. É preciso olhar para sua família e entender qual é sua parte, discutindo isso com boa comunicação familiar e participando em todas instâncias da vida da criança.
Não há nada de errado em contar com apoio familiar e de amigos, mas o pai não tem que “ajudar”. Tem que cumprir seu papel. Sabemos que é difícil manter equilíbrio de trabalho e família, mas se muitas mães solteiras fazem tudo isso e mais um pouco, por que um pai presente não pode cumprir ao menos metade dessas responsabilidades?
A parte prática de aplicação dessa responsabilidade você verá mais à frente neste texto. Por agora, vamos à definição do princípio da paternidade responsável conforme o artigo 226, § 7º da Constituição Federal:
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.”
Logo, podemos entender que a responsabilidade dos pais está prevista e cobrada constitucionalmente. Afinal, o planejamento familiar é de todo direito do casal (hetero ou homoafetivo) e o básico para que você exerça esse direito deverá ser oferecido pelo Estado. A cobrança do cumprimento do seu papel, no entanto, também será.
Importância do princípio da paternidade responsável
O princípio da paternidade responsável ainda é melhor elaborado, especificado e cobrado em outros artigos constitucionais e leis posteriores. A exemplo, o artigo 27, da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), diz que o estado de filiação é “direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.”
Logo, podemos concluir, a respeito do princípio da paternidade responsável, que ele é base para a formação e manutenção da família. Assumir e praticar essa responsabilidade tem efeitos diretos na formação de uma das pessoas que você mais ama: seu filho. Trata-se de uma questão de dignidade e humanidade na formação do indivíduo.
Como se a questão do amor não fosse boa e importante o suficiente, ainda é importante mencionar que a presença ou ausência paterna também tem influência direta na formação de caráter do seu filho.
É o que mostra a matéria da Gazeta do Povo:
A presença paterna é imprescindível para a educação infantil. Ame seu filho, abrace-o, brinque com ele, leia histórias infantis. Também confira a caderneta de vacinação, as tarefas da agenda escolar, aprenda sobre disciplina positiva – esteja presente.
A importância da paternidade responsável: do individual ao coletivo
Muitas pesquisas quantitativas e qualitativas mostram os efeitos que a ausência da paternidade responsável tem na formação de uma pessoa. As consequências vão desde baixa autoestima à maior probabilidade de cometer crimes.
Os números não mentem e falam da realidade mundial, não apenas brasileira. Segundo a matéria What puts children of lone parents at a health disadvantage? (O que deixa filhos de pai/mãe solteiro em desvantagem na saúde?), podemos ver que crianças abandonadas pelo pai possuem o dobro de chances de tirar a própria vida.
A ausência de um pai pode ser desastrosa. Não estamos falando apenas de pais que somem, mas também daqueles que, mesmo estando fisicamente ali, nunca estão de fato presentes.
Para entender onde quero chegar, observe esta tirinha:
A importância da paternidade na vida dos filhos vai muito além de trabalhar e prover financeiramente a família. Você precisa fazer parte das tarefas domésticas (cozinhar e/ou lavar louça, por exemplo) e se envolver nos cuidados infantis.
Sei que trocar uma fralda não é a experiência mais cheirosa do mundo. Digo isso sendo eu mesmo pai. Só que posso garantir que todo o fortalecimento de vínculo envolvido nesse ato é muito forte. Você não está tirando a fralda suja de um bebê qualquer – está garantindo a dignidade, saúde e higiene do seu próprio filho.
Participe do que as pessoas chamam de “coisas ruins”. Cozinhe, dê comidinha, varra o quarto do bebê. Brinque junto, sente ao lado para fazer as tarefas escolares. Participe você também de cada um dos marcos do desenvolvimento infantil. Essas experiências serão boas para ambos, não apenas para a criança.
Aliás, se você for pai de primeira viagem, aproveite muito desse ato de cuidar de uma vida em evolução. Serão muitas descobertas de novos sentimentos e sensações.
Cada filho que você tiver vai ser algo novo e especial, claro, mas algumas coisas só são novidades na primeira vez.
O machismo estrutural como causa da negligência paterna
O machismo estrutural refere-se a um sistema de discriminação e preconceito contra mulheres que está profundamente enraizado nas estruturas sociais, culturais, econômicas e políticas de uma sociedade. Ele não se manifesta apenas em atitudes individuais ou comportamentos específicos, mas também nas normas, práticas e instituições que perpetuam a desigualdade de gênero de forma sistemática e generalizada.
No início da sociedade humana, os pais cuidavam da tribo, davam proteção externa e cuidavam do sustento. As mães se encarregavam pela criança e pelo “ninho”. Mas não somos mais homens das cavernas há milênios – os pais já podem trocar fralda e lavar louça.
O comportamento de homem machista tem se perpetuado no tempo e é a causa direta da negligência paterna. Trata-se de culturalmente desestimular pais a assumirem seu papel e dizer a eles que seu trabalho é apenas engravidar a esposa e sustentá-la. Se a teoria já é triste, a prática é pior: nem a parte de sustento financeiro é realizada, visto que o abandono paterno é a regra no Brasil.
Já estamos avançados o suficiente no tempo para nos livrarmos desse vício da família patriarcal. Uma prova disso é o grande número de casais homossexuais querendo adotar crianças. Ah, e se isso incomoda você, lembre-se de que elas foram abandonadas por casais heterossexuais em primeiro lugar.
Os impactos psicológicos e sociais são evidentes, como nos dados que trouxemos mais acima. Se você está lendo este texto, é porque provavelmente é pai e está interessado em fazer diferente.
Saiba que para isso terá que enfrentar o patriarcado e seus efeitos, pois muita coisa ao seu redor dificultará seu caminho e dirá para você desistir.
Muitos, conscientemente ou não, vão desestimular sua caminhada como pai e soltar sua mão – mas não eu, mas não a Anhanguera.
Estamos aqui para ajudar você com conhecimento e orientação, inclusive de como encontrar ajuda prática. Não desista – um bebê, inocente, que não tem responsabilidade de nada disso – depende da sua persistência, amor e presença.
Como ser um pai presente, responsável e consciente?
O pai presente, responsável e consciente é um conceito que atinge muitas atividades em diversas áreas do desenvolvimento da criança. Você precisa estar pronto para estudar e se envolver. Trago abaixo algumas dicas práticas para isso:
Cuide do seu corpo e da sua mente
O estado da saúde mental dos pais têm efeito direto na forma que educam os filhos. A sua intenção e dedicação para estar presente é importante, mas se você estiver doente, ficará difícil de colocar isso em prática.
De começo, procure por psicoterapia. O seu acompanhamento psicológico ajudará a encontrar traumas e dificuldades da paternidade. Inteligência emocional é uma habilidade essencial que você pode adquirir e passar para seus filhos.
Além disso, a mente saudável terá efeitos diretos na sua disposição emocional para lidar com cada episódio familiar que você enfrentar. Também, faça atividades físicas e alimente-se de forma saudável. Melhorar sua disposição e resistência física ajudará a ter energia para brincar e cuidar dos seus filhos. No Brasil, 62% dos homens só vão ao médico após sintoma insuportável. Seja consciente e ajude a mudar essa história.
É na cultura machista que reside a falta de autocuidado. Atente-se a isso e garanta sua longevidade para ver seus filhos crescerem. Você vai querer estar lá a cada vitória dos seus filhos e, quem sabe, dos seus netos e bisnetos também. Mas isso só acontecerá se você estiver física e mentalmente saudável.
Participe da educação do seu filho
Isso significa tanto a educação em casa quanto na escola. Aprenda sobre desenvolvimento e autonomia infantil, como funciona cada etapa da vida e como aplicar educação positiva. A mãe não pode ser a única responsável por orientar as crianças, muito menos a escola – que é nosso próximo assunto.
O pai também tem que estar presente na adaptação escolar. O convívio com outras crianças vai ser ótimo para o desenvolvimento do seu filho, mas também desafiador. Dê a mão para que ele saiba que você sempre estará lá, sentindo-se seguro para dar os próprios passos.
Olhe a agenda, compre a cartolina – estude junto ao seu filho para que ele vá bem nas provas. Se vocês tiverem esse hábito de leitura em dupla desde cedo, será enriquecedor tanto para o vínculo de ambos quanto para o desenvolvimento pessoal de cada um.
Sabemos, no entanto, que estar tanto tempo presente pode ser desafiador enquanto se trabalha. Se seu emprego permitir operar de casa, confira estas dicas de como trabalhar em home office com crianças pequenas em casa.
Por fim, cabe estudar sobre educação inclusiva. Ainda que seu filho não tenha qualquer dificuldade nesse campo, permitirá você entrar no mundo dele e ajudá-lo a lidar com os amigos mais diversos.
Como ser um pai presente estando separado?
Existe ex-esposa, ex-marido, ex-namorada… mas não existe ex-filho. Se você ajudou a colocar no mundo ou adotar, é responsável por estar presente tanto quanto se estivesse casado.
A melhor forma de ser um pai presente estando separado é organizando sua rotina e financeiro. O primeiro passo para essa organização é, então, estabelecer a frequência, os dias e formas de convívio (quem visita é parente, pai convive).
Depois, você precisa estruturar sua casa para receber a criança e também estudar as melhores formas de transporte. É verdade que filho vale tudo o que temos, mas você pode otimizar os gastos até para investir melhor no seu próprio bebê. Então, conheça as rotas de ônibus e carro que sejam mais eficientes em tempo e custos.
Mentalmente poderá ser difícil. Nem todos conseguem ter boas relações com ex e isso acaba entrando no meio do campo. Mas você não pode deixar isso acontecer – deve ser presente, garantir até mesmo de forma legal se necessário e, claro, não deixar de cumprir seu papel financeiro com a pensão.
Conte com uma boa rede de apoio e cuide da sua saúde mental. A psicoterapia ajudará você a focar no mais importante e a separar o é seu papel como pai da sua relação com a ex. Entender e estabelecer esse limite são ações igualmente de alta importância.
Paternidade responsável e planejamento familiar: como dar conta de tudo?
Ser pai, (co)provedor, amigo e, muitas vezes, marido ao mesmo tempo pode ser complexo, mas confiamos que você dará conta, principalmente se estudar e tiver orientação. Pense que muita mãe faz tudo isso, cuida da casa e acumula outras funções, sendo solteira.
No artigo acima, demos várias dicas teóricas e práticas de como praticar a paternidade responsável. Agora, vou te mostrar como ampliar e enriquecer esse conhecimento.
Dar conta de tudo mesmo pode ser difícil, mas o planejamento do orçamento familiar facilita. Se os filhos para você são um plano e não a realidade atual, aproveite o tempo possível para se organizar. Mobílie a casa, procure um emprego em Empresas Cidadãs (programa do governo que aumenta a licença paternidade), faça cursos e escute outros pais.
Com o bebê no forninho ou já correndo por aí, você tem menos tempo, mas ainda não é tarde demais. Reveja como você se organizou até aqui e planeje os próximos passos.
Não tenho uma resposta pronta com o melhor caminho possível e todas suas etapas, pois desconheço sua realidade – mas posso te mostrar onde buscar essa resposta.
- Busque acompanhamento de profissionais de desenvolvimento infantil para orientação detalhada e específica das necessidades suas e do seus filhos, pois cada caso tem suas peculiaridades;
- Mantenha-se na psicoterapia e serei repetitivo aqui, eu sei, pois já falei disso antes neste artigo. Psicólogos e psiquiatras ajudarão a encontrar o equilíbrio e os limites dos seus papéis, além de auxiliar a encontrar ferramentas mentais e práticas para lidar com os desafios da paternidade;
- Mantenha-se estudando. Temos milênios de humanidade com infinitas referências de mães boas e ruins, mas pouquíssimas de pais. A solução para buscar essa referência é através de cursos de paternidade ativa.
Existem muitos cursos práticos e objetivos para pais, seja de primeira viagem ou não, que ajudarão você na sua jornada paterna.
Estude para ser pai assim como você estuda para alavancar sua carreira profissional!
Passamos a vida toda dedicando horas ao estudo e à formação profissional, buscando continuamente o crescimento e o sucesso em nossas carreiras. No entanto, muitas vezes negligenciamos a ideia de que a paternidade exige o mesmo nível de preparação e aprendizado. Ser pai não é uma habilidade inata, mas um papel complexo que requer conhecimento, paciência e prática.
Assim como nos empenhamos em cursos, treinamentos e leituras para avançar profissionalmente, é essencial investir tempo e esforço em aprender sobre a paternidade. Estudar sobre desenvolvimento infantil, educação e a criação de vínculos saudáveis pode fazer toda a diferença na construção de um ambiente familiar amoroso e seguro, garantindo que estejamos preparados para guiar nossos filhos ao longo de suas vidas.
Contar com o conhecimento de professores que se dedicam ao estudo do desenvolvimento infantil e/ou que tenham grande experiência como pais facilitará em muito para que você assuma o papel de pai responsável!
Minha sugestão mais objetiva e específica é o curso Paternidade Ativa da Anhanguera em parceria com a Revista Pais e Filhos.
Trata-se de uma formação em EAD rápida e prática com grandes nomes, como Piangers e Dr. Padovesi, sobre todos os tópicos que você precisa dominar para ser “o papai do ano”.
Nessa formação, você irá obter as seguintes habilidades e conhecimentos:
- Apoiar a mãe durante a amamentação
- Aprender sobre exames e mudanças corporais durante a gravidez
- Compreender a nova visão da paternidade nos dias atuais
- Comunicar-se eficazmente no ambiente de trabalho sobre a paternidade
- Conhecer os direitos relacionados à licença-paternidade
- Criar redes de apoio entre pais
- Definir o propósito do papel de pai
- Desconstruir padrões de masculinidade tóxicos
- Diferenciar a criação de meninos e meninas
- Entender a evolução da paternidade ao longo da história
- Entender os modelos de guarda em caso de separação
- Estimular a criação de famílias mais felizes
- Expressar emoções abertamente
- Identificar e nomear novas emoções
- Lidar com o puerpério e apoiar a parceira
- Manter uma relação saudável com a parceira após a chegada do bebê
- Participar ativamente durante a gravidez
- Pedir ajuda quando necessário
- Prevenir e identificar alienação parental
- Refletir sobre a influência do machismo na parentalidade
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