Guia Completo da Carreira em Gestão Portuária

A carreira em Gestão Portuária é uma carreira dinâmica, com possibilidade de crescimento e impacto em todos os setores da economia. Os gestores portuários e colaboradores atuam na implantação e manutenção de terminais marítimos, fornecendo a expertise necessária para acesso de navios de passageiros e cargueiros.

Os portos são ligados a outros modos de transporte. No Brasil, isso significa o transporte rodoviário, fundamental para exportação de produtos nacionais agrícolas e minerais. 

Já na entrada de contêineres e dia-a-dia dos terminais, os gestores portuários contribuem na coordenação de equipes, implantação de procedimentos logísticos e distribuição em armazéns, o que é essencial para o setor de comércio nacional e internacional.

Ou seja, a formação em Gestão Portuária abre diferentes possibilidades de atuação. É uma rotina variada, ideal para perfis que dominam pensamento analítico e gostam de trabalhar em equipes multidisciplinares. 

Quer saber mais? Continue a leitura para entender melhor o dia-a-dia, o salário e a educação para se tornar um gestor portuário de destaque!

Como é a Carreira em Gestão Portuária?

A carreira em Gestão Portuária é fundamental para o desenvolvimento do comércio internacional e a manutenção das cadeias logísticas globais. 

Os especialistas nesse setor são profissionais críticos na administração de portos, terminais e sistemas logísticos, utilizando seu conhecimento e experiência para levar eficiência e sustentabilidade às operações portuárias. 

Entre as potenciais áreas de atuação da carreira em Gestão Portuária estão:

Planejamento Estratégico Portuário

O planejamento estratégico portuário envolve o desenvolvimento de planos de longo prazo para garantir que os portos atendam às necessidades futuras de transporte e logística do setor em que estão inseridos. 

O especialista deve fazer análises detalhadas de tendências do mercado, previsão de demanda, identificação de novas rotas marítimas e intermodais viáveis e buscar soluções para desenvolvimento de infraestrutura adequada. 

Outro ponto em debate contemporâneo é a responsabilidade dos gestores que atuam nesse segmento com o equilíbrio entre crescimento econômico e o impacto socioambiental nas comunidades portuárias.

Principais responsabilidades:

• Viabilização de fluxos de comércio;
• Acompanhamento de tendências de mercado logístico;
• Desenvolvimento de estratégias de expansão e modernização portuárias;
• Implementação de avanços tecnológicos nas operações portuárias;
• Coordenação com outros setores para garantir alinhamento com objetivos organizacionais.

Conexão com o Transporte Intermodal

Os terminais marítimos são centros de operações que conectam o transporte marítimo a outros modais, como ferroviário e rodoviário, dependendo da região em que estão inseridos. Sendo assim, os profissionais dessa área garantem que a transferência de cargas entre cada modalidade seja feita de forma eficiente e segura. Por exemplo, maximizar a capacidade operacional de portos para reduzir custos logísticos às empresas. O planejamento e a execução de operações intermodais são essenciais para a eficiência do sistema como um todo.

Principais responsabilidades:

• Buscar redução de tempo na transferência de cargas entre diferentes modais;
• Minimizar fricções no armazenamento e distribuição de mercadorias;
• Implementar sistemas tecnológicos para rastreamento intermodal;
• Gerenciar operadores e materiais para minimizar atrasos e gargalos.

Administração Portuária

A administração portuária trata da gestão global das instalações e operações portuárias. Isso inclui, por exemplo, a definição de políticas de segurança e procedimentos operacionais corretos para cada espaço. Mas também engloba, dependendo do porto de atuação, o controle de orçamentos e contratos de trabalhadores e fornecedores portuários. 

Além disso, os administradores portuários são os profissionais responsáveis por atrair novos investimentos, negociar tarifas portuárias e coordenar a colaboração entre diferentes agentes de interesse no setor de portos, como transportadoras nacionais e internacionais, órgãos governamentais e comunidades locais.

Principais responsabilidades:

• Gerenciar despesas recorrentes e monitorar a receita portuária;
• Supervisionar contratos e licenças vigentes;
• Coordenar os interesses locais, nacionais e internacionais e exigências;
• Gerenciar equipes e infraestrutura.

Gestão de Zonas Portuárias

As zonas portuárias são regiões que abrigam diversas atividades econômicas relacionadas ao transporte e logística, não apenas os portos em si. Os profissionais dessa área administram a área disponível para operações de transporte marítimo, garantindo que o espaço seja usado de forma efetiva e responsável, em conformidade com autoridade locais e demandas mercadológicas.

Isso inclui a gestão de armazéns, áreas de manutenção e espaços alfandegários.

Principais responsabilidades:

• Estratégias do uso do solo em áreas portuárias;
• Desenvolvimento de políticas para atrair investimentos;
• Diálogo com administradores municipais e regionais para minimizar impactos ambientais e sociais.

Operações Portuárias

Os gestores de operações portuárias são o fator-chave das atividades nos portos. Eles devem coordenar atividades de carregamento, descarregamento e armazenamento de cargas, além de atender às necessidades de embarcações e minimizar problemas rotineiros. 

Esses profissionais trabalham para otimizar processos, reduzir espera e garantir a segurança de trabalhadores portuários e mercadorias. Utilizam tecnologias como sistemas de gerenciamento de terminais (TOS) em sua rotina profissional, para monitorar e controlar essas atividades.

Principais responsabilidades:

• Controle estratégico de atracação de embarcações;
• Gestão de movimentação de contêineres e cargas;
• Monitoramento de métricas de desempenho operacional;
• Coordenação de equipes técnicas

Logística Portuária

A logística portuária envolve a coordenação de fluxos de mercadorias dentro e fora dos portos. Ou seja, os profissionais dessa área ficam com a responsabilidade de garantir que as cadeias de suprimento funcionem sem interrupções. Para isso, devem ter domínio de rotas de transporte e técnicas para monitorar o cumprimento de prazos. 

Além disso, a logística portuária está cada vez mais integrada à utilização de tecnologias de informação para rastreamento e previsão de demanda.

Principais responsabilidades:

• Otimização de rotas logísticas;
• Gerenciamento de estoques e armazéns portuários;
• Integração de sistemas de informação para logística;
• Redução de custos operacionais por meio de análise de dados.

Gestão de Cargas Portuárias

A gestão de cargas portuárias é o segmento responsável pelo manuseio correto de diferentes tipos de cargas, incluindo contêineres, granéis líquidos, sólidos e cargas gerais. 

Ou seja, para trabalhar nesse setor, é preciso ter conhecimento específico sobre as características e necessidades de cada tipo de carga, assim como de equipamentos especializados que podem ser usados para facilitar esses processos.

Os gestores também devem garantir a rastreabilidade e a segurança das cargas durante todo o processo logístico.

Principais responsabilidades:

• Planejamento de carga e descarga de diferentes tipos de produto;
• Segurança e integridade das mercadorias;
• Uso de tecnologias de rastreamento de cargas;
• Coordenação com agentes de carga e transportadoras.

Controle Aduaneiro Portuário

Os portos desempenham um papel essencial no controle aduaneiro no Brasil. Essa área envolve a inspeção e liberação de mercadorias para o comércio interno e externo. Os profissionais dessa área trabalham em colaboração com órgãos governamentais para garantir o cumprimento das leis e regulações de importação e exportação. 

Além disso, a atuação do gestor portuário é fundamental para prevenção de atividade ilegais, como contrabando e tráfico de produtos, crimes ambientais e ameaças à saúde da população.

Principais responsabilidades:

• Processamento de documentação aduaneira;
• Inspeção de materiais de importação e exportação para evitar contrabando;
• Implementação de sistemas de despacho eficientes;
• Colaboração com órgãos governamentais de saúde, meio ambiente e preservação de recursos naturais.

Sistemas Portuários Integrados

Os sistemas portuários integrados são plataformas tecnológicas que conectam diferentes elementos das operações portuárias Aqui, o principal objetivo do gestor portuário é a eficiência e transparência de toda a cadeia portuária.

Os profissionais que atuam nessa área desenvolvem e implementam soluções avançadas para monitorar a movimentação de cargas, otimizar rotas e prever demandas futuras. Essa integração também facilita a comunicação entre portos e parceiros logísticos.

Principais recursos utilizados:

• Internet das Coisas (IoT) para monitoramento de bens e ativos portuários;
• Sistemas de Gestão de Informação Portuária (Port Community Systems);
• Linguagens de programação para desenvolvimento de algoritmos para previsão de demanda.

Gerenciamento de Infraestrutura Portuária

O gerenciamento de infraestrutura portuária está focado na manutenção e viabilização de projetos de expansão das instalações físicas dos portos. Ou seja, esse profissional trabalha diretamente com docas, terminais, armazéns e vias de acesso. 

É papel dos gestores de infraestrutura garantir que as instalações sejam seguras, eficientes e capazes de atender às demandas crescentes do setor.

Principais responsabilidades:

• Planejar e fiscalizar manutenção preventiva e corretiva de recursos portuários;
• Fazer investimentos estratégicos em equipamentos modernos;
• Supervisionar projetos de expansão portuária;
• Monitorar condições ambientais e estruturais dos portos.

Gestão Sustentável de Portos

A sustentabilidade é uma preocupação crescente em todos os setores econômicos, inclusive na carreira em Gestão Portuária. Os especialistas dessa área desenvolvem estratégias para reduzir o impacto ambiental das operações portuárias, como por exemplo uso de fontes de energia renováveis, redução de emissões de carbono e direcionamento adequado de resíduos. Além disso, podem contribuir com o desenvolvimento social, econômico e ambiental de comunidades portuárias, como oferecendo programas de inclusão, protegendo recursos naturais e promovendo atividades de conscientização ambiental.

Principais tendências:

• Tecnologias de energia limpa, como painéis solares, equipamentos sem combustíveis fósseis e veículos elétricos;
• Redução da emissão de carbono, com otimização de processos e menor uso de recursos naturais;
• Gerenciamento de resíduos e controle de poluição hídrica;
• Sustentabilidade social em comunidades portuárias.

A carreira em Gestão Portuária é bastante diversificada. Há oportunidades em setores mais analíticos, que são ideais para quem gosta de solução de problemas complexos, como controle de mercadoria e gestão de infraestrutura. Também é um espaço de inovação, já que existe a carreira em Gestão Portuária focada em tecnologia e implantação de estratégias sustentáveis.

O profissional pode atuar em diferentes etapas do processo portuário, desde planejamento estratégico de novos terminais, contratações e adequação com demandas de outros setores, como a Gestão Agrícola. 

Já no dia-a-dia operacional, há especialistas em Gestão Portuária que lidam com aspectos práticos dos protocolos de importação e exportação, manutenção de espaços físicos e fiscalização de cumprimentos legais e normativos do setor.

Como está o Mercado para profissionais de Gestão Portuária?

O mercado de gestão de terminais, incluindo terminais marítimos, apresentou 40% de aumento nas contratações no último ano, segundo dados do Novo CAGED. Isso significa uma demanda cada vez maior de operadores capacitados na infraestrutura, logística e administração de armazéns. 

Os estados com melhores remunerações no mercado portuário brasileiro são São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Isso se deve, principalmente, à alta concentração de serviços nos portos da região. O Porto de Santos, por exemplo, recebe quase 4 milhões de contêineres ao ano e emprega cerca de 1500 funcionários para atender à demanda. Já o Porto do Rio de Janeiro, com 15 pátios e 18 armazéns, é essencial para mercadorias siderúrgicas e minerais em diversos estados.

O Porto de Paranaguá (PR), é o principal terminal de exportação agrícola da América Latina, exigindo infraestrutura adequada e profissionais qualificados em comércio internacional. Já Itajaí e Navegantes conectam o oeste catarinense ao mar.

Além desses grandes portos, o Brasil possui outros terminais essenciais em outras regiões, que ampliam ainda mais as oportunidades no setor. O Porto de Suape, em Pernambuco, por exemplo, se destaca pela movimentação de combustíveis e contêineres. Está conectado a uma área industrial adjacente, o que atrai investimentos e gera empregos. Já o Porto do Pecém, na zona metropolitana de Fortaleza, faz parte do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, administrado por uma joint venture entre o Estado do Ceará e o Porto de Roterdã, nos Países Baixos.

A internacionalização do setor, aliás, reflete na necessidade crescente de gestores portuários com conhecimento avançado sobre logística global. Organizações globais como Maersk e MSC, estão cada vez mais presentes no dia-a-dia e nas demandas dos portos brasileiros. Com elas, os padrões operacionais devem ser adequados à legislação mundial e aos recursos exigidos para seus procedimentos. Isso exige, é claro, profissionais capacitados em tecnologias de automação, análise de dados e gestão intermodal.

A crescente preocupação com sustentabilidade e uso responsável de recursos também tem refletido na busca por especialistas em gestão ambiental e inovação tecnológica dentro do setor portuário. Ou seja, além de áreas tradicionais, como operações e logística, surgem vagas e trilhas de crescimento em setores como planejamento estratégico e governança ambiental, indicando que o mercado para gestores portuários está em expansão e diversificação.

Cargos e Especializações em Gestão Portuária

A Gestão Portuária no setor privado

Segundo dados do BNDES, existem cerca de 380 terminais portuários no Brasil: 210 deles são terminais de uso privado (TUP), localizados em portos privados. 

Isso significa, então, que existe espaço para a atuação direta no setor privado, com a demanda por profissionais que queiram seguir Carreira em Gestão Portuária nos segmentos de planejamento, administração e infraestrutura.

Aqui, o gestor portuário pode trabalhar na criação de novos terminais, por exemplo. Deve dialogar com outros agentes de impacto no setor de transporte e comércio, como coordenadores logísticos das empresas e instituições, além de gestores rodoviários, ferroviários e aeroportuários, para entender como o planejamento estratégico pode valorizar a cadeia logística.

Além disso, pode trabalhar na implantação da infraestrutura, em parceria com profissionais como Engenheiros Navais, para garantir que os portos privados estejam em conformidade com as necessidades estruturais das embarcações. 

Pensando na parte de armazenamento, o especialista portuário em infraestrutura pode também organizar pátios e armazéns que serão utilizados nos projetos privados de empresas e organizações, escolhendo ferramentas de estoque, sistematização e contratando equipes multidisciplinares qualificadas para elaborar planos operacionais e de contingência.

Outro aspecto fundamental são as operações diárias dos portos no Brasil. O gestor portuário é o responsável por manter os processos constantes, evitando erros humanos e de equipamentos, além de fiscalizar e solucionar potenciais barreiras e fortalecer as estratégias de comunicação e diálogo entre equipes, clientes e fornecedores.

A Gestão Portuária no setor público

No setor público, o gestor portuário pode, principalmente, trabalhar na estratégia e nas operações rotineiras de terminais em portos públicos. Esses espaços, fundamentais para a economia brasileira, funcionam como porta de entrada de mercadorias, saída de produtos para exportação e transporte de passageiros. Ou seja, é fundamental que existam profissionais qualificados para coordenar os esforços das equipes de armazenamento, transporte, logística e integração.

Outra área relevante para uma carreira em Gestão Portuária no setor público é o Controle Aduaneiro. Esses profissionais são responsáveis por gerir sistemas de fiscalização e emissão de laudos e notas de produtos que chegam ao Brasil por via marítima antes que iniciam seu caminho na cadeia logística. Ou seja, além de analisar os produtos em si com fins tributários, são profissionais que fiscalizam containers para evitar produtos de risco à natureza ou à segurança das pessoas. 

Também é possível começar uma carreira em Gestão Portuária no setor público focada em legislação. As tendências de transporte marítimo e demandas globais transformaram os processos portuários, o que exige tanto a criação e edição de leis quanto a fiscalização de seu ciprimento nos locais de trabalho.

Gestão Portuária e Trabalho Internacional

O egresso do curso de Gestão Portuária também pode atuar no mercado internacional, no setor de Operações de Comércio Exterior. Nesse caso, suas atividades diárias incluem o preparo de mercadorias para envio global marítimo, a manutenção de portos segundo regulamentos e normas internacionais e emissão de documentos aduaneiros.

Além de trabalhar nos portos brasileiros com importações e exportações, o setor portuário permite que o profissional busque oportunidades em outros países. 

O porto de Shanghai e o porto de Singapura recebem respectivamente, 49 e 39 milhões de contêineres anualmente. Ou seja, esse setor está em constante expansão para profissionais que buscam experiências em países e culturas diferentes.

Salários e Benefícios

Segundo o portal salário.com.br, a remuneração média de chefes de terminais portuários no Brasil é de R$3800. Os salários variam, principalmente,e de acordo com o setor que contrata esses profissionais. Nas atividades de agenciamento marítimo, por exemplo, podem chegar a mais de R$5000.

Existe grande oportunidade de crescimento e melhoria de remuneração na carreira em Gestão Portuária, o que desperta o interesse de profissionais que buscam cargos de gestão. Um coordenador de Operações Portuárias com mais de 6 anos de experiência e contratado em empresas de grande porte recebe cerca de R$6700/mês. Já um Diretor de Gestão Portuária, por exemplo, tem salário médio de R$17000.

O grande destaque da área portuária, no entanto, são os benefícios e o cumprimento de exigências trabalhistas. É uma área com alta presença de contratações formais e, com isso, traz adicionais salariais de acordo com a ocupação.

Em linhas gerais, independentemente do setor de atuação e cargo, a carreira em Gestão Portuária pode incluir adicional noturno conforme a escala, o que torna os ganhos finais ainda mais atrativos aos profissionais do setor.

Segundo a lei 4860, de 1965, o trabalho portuário operacional e administrativo também acarreta em adicional de risco:

“Art 14. A fim de remunerar os riscos relativos à insalubridade, periculosidade e outros porventura existentes, fica instituído o “adicional de riscos” de 40% (quarenta por cento) que incidirá sobre o valor do salário-hora ordinário do período diurno”.

Ou seja, se o profissional trabalha com materiais nocivos à saúde ou inflamáveis, por exemplo, demandas comuns no setor siderúrgico e petrolífero, pode contar com esse adicional.

Organização e Regulamentação da Carreira em Gestão Portuária

Para atuar no setor de Gestão Portuária, é essencial que o profissional fique atento aos regulamentos, às organizações de classe e ao desenvolvimento da área, tanto a nível técnico como cultural. 

Sindicatos e Associações Profissionais

Um órgão de classe relevante dos trabalhadores do setor é o Sindicato dos Trabalhadores Portuários (SINDAPORT). Segundo regulamento da fundação, esse sindicato é “responsável pelos empregados administrativos, operacionais e a guarda portuária da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e da Companhia Docas de São Sebastião.”

Já a nível organizacional, existem outras organizações, como a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), que representa 98 empresas associadas, com objetivo de trazer inovação, eficiência e qualidade nos serviços portuários brasileiros. 

A International Association of Ports and Harbors (IAPH), de aplicabilidade e alcance globais, foi criada em 1955 para promover o diálogo internacional e favorecer os interesses da comunidade portuária em sua multiplicidade.

Além de oferecer serviços de orientação e representação dos interesses de classe em acordos públicos e privados, essas associações trazem grandes oportunidades de aprendizado e troca de conhecimento. 

Uma carreira em Gestão Portuária traz grandes desafios e a necessidade de se manter em dia com as tendências do mercado. As organizações profissionais oferecem portais de notícias da indústria, além de cursos, workshops, palestras e certificações que agregam ao currículo. Outra vantagem é a participação em conferências locais e globais, que são uma ótima oportunidade de networking e ganho de conhecimento especializado.

Regulamentações e Ética Profissional

A carreira em Gestão Portuária no Brasil é regulamentada, primariamente, pela Lei dos Portos (Lei 12.815/2013). Por exemplo, segundo o artigo 3º:

“A exploração dos portos organizados e instalações portuárias, com o objetivo de aumentar a competitividade e o desenvolvimento do País, deve seguir as seguintes diretrizes:

I – expansão, modernização e otimização da infraestrutura e da superestrutura que integram os portos organizados e instalações portuárias;

II – garantia da modicidade e da publicidade das tarifas e preços praticados no setor, da qualidade da atividade prestada e da efetividade dos direitos dos usuários;

III – estímulo à modernização e ao aprimoramento da gestão dos portos organizados e instalações portuárias, à valorização e à qualificação da mão de obra portuária e à eficiência das atividades prestadas;

IV – promoção da segurança da navegação na entrada e na saída das embarcações dos portos; 

V – estímulo à concorrência, por meio do incentivo à participação do setor privado e da garantia de amplo acesso aos portos organizados, às instalações e às atividades portuárias; e

VI – liberdade de preços nas operações portuárias, reprimidos qualquer prática prejudicial à competição e o abuso do poder econômico.”    

Ou seja, o profissional de gestão portuária deve se atentar aos critérios estratégicos de infraestrutura, materiais, fluxos logísticos e equipes para fornecer serviços modernos e competitivos que estimulem as atividades econômicas nacionais.

Atualmente, o órgão governamental responsável pela gestão e desenvolvimento de políticas públicas portuárias é o Ministério de Portos e Aeroportos. Segundo a lei 14600, artigo 41, as competências deste ministério incluem:

“I – política nacional de transportes aquaviário e aeroviário;

II – marinha mercante e vias navegáveis;

III – formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento do setor de portos e de instalações portuárias marítimos, fluviais e lacustres e execução e avaliação de medidas, de programas e de projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura e da superestrutura dos portos e das instalações portuárias marítimos, fluviais e lacustres;

IV – formulação, coordenação e supervisão das políticas nacionais do setor de portos e de instalações portuárias marítimos, fluviais e lacustres;

V – participação no planejamento estratégico, no estabelecimento de diretrizes para sua implementação e na definição das prioridades dos programas de investimentos em transportes aquaviário e aeroviário, em articulação com o Ministério dos Transportes;

VI – elaboração ou aprovação dos planos de outorgas, na forma prevista em legislação específica;

VII – estabelecimento de diretrizes para a representação do País em organismos internacionais e em convenções, em acordos e em tratados relativos às suas competências;

VIII – desenvolvimento da infraestrutura e da superestrutura aquaviária dos portos e das instalações portuárias marítimos, fluviais e lacustres em seu âmbito de competência, com a finalidade de promover a segurança e a eficiência do transporte aquaviário de cargas e de passageiros;”

Por fim, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) é quem regulariza e garante a idoneidade da carreira em Gestão Portuária. Ela media conflitos de interesses, evita infrações ambientais e garante que os portos estejam em conformidade com questões trabalhistas e legais.

Desafios e Perspectivas Futuras

A carreira em gestão portuária é essencial para o comércio interno e externo, o fornecimento de recursos necessários para o desenvolvimento econômico do país e o desenvolvimento  das comunidades onde os portos estão localizados. 

No entanto, é uma trajetória desafiadora, exigindo um alto nível de responsabilidade, habilidades técnicas e gerenciais, além de visão estratégica para destacar o perfil profissional.

Por exemplo, os portos são ambientes dinâmicos, onde operações de vários setores ocorrem simultaneamente. O trabalho do gestor portuário pode envolver aspectos como movimentação de cargas, controle aduaneiro e manutenção de infraestrutura no mesmo dia. 

O trabalho colaborativo em equipes variadas é um desafio constante. Envolve a coordenação de profissionais com diferentes formações, incluindo engenheiros, operadores de equipamentos, especialistas em logística, analistas financeiros e técnicos de segurança. Essa pluralidade exige do gestor capacidade de liderança, comunicação e resolução de conflitos. Além disso, é preciso investir em treinamento contínuo para manter as equipes atualizadas com as exigências tecnológicas e regulatórias das operações.

Outro desafio para gestores portuários é a rotina intensa, com alta pressão e prazos curtos. As operações portuárias acontecem em tempo integral, o que significa que os gestores precisam lidar com urgências, como atrasos de embarcações, falhas de equipamentos, alterações de clima que possam afetar a logística de serviço. Isso se reflete em níveis elevados de estresse, alta carga de trabalho e necessidade de organização pessoal e organizacional.

A carreira em Gestão Portuária é uma trajetória profissional de alta responsabilidade. Afinal, o gestor deve seguir normas nacionais e internacionais relacionadas à segurança, meio ambiente e comércio. Além disso, seu trabalho impacta diretamente as áreas urbanas e ecossistemas em que está inserido, trazendo a necessidade de atenção ao aspecto socioambiental. 

Por ser um setor crescente, a competitividade e a inovação são desafios relevantes. Os portos competem por contratos e cargas em um mercado globalizado e exigem gestores atentos às mudanças tarifárias e econômicas, assim como suas consequências para a rentabilidade de zonas portuárias. Além disso, é esperado do gestor portuário conhecimento atualizado em ferramentas e técnicas e gestão inovadoras, que possam otimizar processos e reduzir custos sem afetar a qualidade dos serviços portuários.

Apesar dos desafios, a carreira em Gestão Portuária oferece perspectivas promissoras. A globalização e o aumento da demanda por transporte marítimo leva ao processo de modernização de portos. A sustentabilidade, por exemplo, tornou-se uma prioridade para terminais do mundo todo, com base em regulamentações ambientais locais e internacionais e interesses da população. 

Os portos, frente a esse cenário, investem em estratégias para redução de poluentes, uso de combustíveis alternativos, gestão de resíduos, reciclagem de materiais gerados nas operações portuárias, entre outras mudanças relevantes. Os gestores portuários do futuro precisarão integrar essas práticas sustentáveis às operações, alinhando-se às metas globais de desenvolvimento sustentável (ODS).

A tecnologia também é uma aliada na evolução da gestão portuária, otimizando processos e melhorando a eficiência das operações. Mudanças infra estruturais, como sistemas automatizados de movimentação de contêineres e veículos guiados automaticamente (AGVs), estão transformando o setor, aumentando a produtividade. Redes inteligentes, conectando dispositivos por meio da Internet das Coisas (IoT), possibilitam o monitoramento em tempo real de equipamentos, cargas e infraestrutura. Isso contribui significativamente para realização de manutenção preventiva e evitar paradas desnecessárias.

Com essa digitalização, é essencial que os profissionais desenvolvam habilidades tecnológicas e se preparem para oferecer soluções viáveis em tecnologia em seu ambiente de trabalho.

Os portos também têm um papel no desenvolvimento econômico local, promovendo crescimento das comunidades em que se localizam. Além de movimentar mercadorias, eles geram empregos indiretos, contribuindo para setores como comércio, transporte e turismo. 

Nos portos em si, o aumento do investimento e uma gestão estratégica geram demanda por profissionais qualificados em áreas como logística, engenharia e tecnologia. Além disso, portos contribuem para melhorias de estradas, ferrovias e sistemas de transporte urbanos, que levam acesso a comunidades locais. 

As zonas portuárias bem gerenciadas também ajudam a atrair indústrias, que se beneficiam da proximidade com o transporte marítimo, criando uma relação mutuamente benéfica de ganhos econômicos e produtividade.

Como Ingressar na Carreira em Gestão Portuária

Preparação para o mercado de trabalho

Para começar sua carreira em Gestão Portuária, é fundamental buscar uma formação de qualidade. Isso significa uma graduação dedicada ou pós-graduação que forneça os conhecimentos necessários para egressos do curso de Administração, Engenharia e afins. 

Estratégias de busca de emprego 

Após conclusão de um curso qualificatório, o próximo passo é se candidatar a vagas do setor. Os principais portos privados brasileiros e internacionais contam com páginas dedicadas com as vagas disponíveis, seja para cargos de operações ou gestão. 

Outro ponto de partida é participar de atividades de difusão que possam ajudar recrutamento e seleção de associações de classe, como o Sindaport. Essas atividades são uma ótima oportunidade de networking e ajudam a destacar seu perfil entre os candidatos.

Para quem quer uma colocação permanente e iniciar sua carreira em Gestão Portuária no setor público, o caminho é o concurso. As vagas são abertas periodicamente para diferentes categorias nos portos administrados pelos estados, o que é uma ótima oportunidade de iniciar sua trajetória de forma mais estável.

Idiomas estrangeiros

O gestor portuário lida, direta ou indiretamente, com profissionais de outros países. Sendo assim, proficiência em línguas estrangeiras, como inglês, espanhol e mandarim, são vantagens competitivas no setor. 

Caminhos e Educação Necessária para atuar em Gestão Portuária

Graduação na área

A graduação em Gestão Portuária é o primeiro passo para se inserir nesse mercado. Ela é oferecida na modalidade tecnólogo, ou seja, cursos de dois ou três anos de duração, que trazem todas as disciplinas teóricas e práticas necessárias.

O aluno deve buscar uma instituição de ensino e qualidade, que seja credenciada no Ministério da Educação e conte com docentes especializados em setores como gestão comercial, legislação portuária, manutenção de infraestrutura, entre outros temas essenciais para a carreira em Gestão Portuária.

Principais áreas de estudo e habilidades necessárias

Além de educação formal, o interessado em trabalho portuário e cargos de coordenação deve desenvolver suas habilidades pessoais para levar qualidade e competência a seu serviço.

Um bom gestor portuário deve entender aspectos de logística, por exemplo, para saber como armazenar e deslocar mercadorias otimizando custos e enviando atrasos. A boa comunicação e capacidade de trabalho em equipe também são essenciais, já que os portos são espaços multidisciplinares com alta pressão. 

A Segurança da Informação, área que garante o uso de redes e dispositivos seguros para transferência de dados, também é essencial para operações portuárias. Assim, o gestor deve entender normas básicas e buscar atualizações constantes em relação à tecnologia.

Por fim, é importante ter noções de Gestão de Projetos, para garantir que o planejamento estratégico de implantação ou modernização portuária sejam feitos da forma correta e adequada às demandas. 

Certificações e licenças específicas

Os portos são guiados por normas regionais  internacionais de segurança e prevenção de riscos. Assim, é essencial que o gestor portuário obtenha certificações que demonstrem sua compreensão dessas normas. 

Um exemplo é a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário (NR 29). Esse documento estabelece critérios como uso de EPIs, atividades de conscientização de riscos e prevenção de acidentes no trabalho portuário.

Veja também: confira as áreas de atuação de quem se forma em Administração!

Como se qualificar em Gestão Portuária

A carreira em Gestão Portuária atrai profissionais analíticos, que gostam de trabalhar com gestão de pessoas, recursos e infraestrutura. Exige, além de conhecimento técnico, habilidades de comunicação, organização e otimização de processos, buscamos sempre soluções inovadoras para os desafios do mercado portuário.

Para garantir a qualificação necessária, é importante ter o apoio de uma instituição de ensino de renome. Na Anhanguera, o curso de Gestão Portuária tem uma proposta pedagógica inovadora, com apoio de docentes especialistas e trilha de aprendizado personalizada para cada perfil.

Os desafios da carreira em Gestão Portuária combinam com você? Inscreva-se no processo seletivo da Anhanguera e inicie sua trajetória profissional!